quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Bola fora

A política externa do Governo Lula ia muito bem, obrigado. "Nunca antes na História deste país" o Brasil teve uma postura de independência em relação às "grandes potências" tão marcante quanto a que adotamos deste a posse do Presidente Lula. Ocorre que, conforme tenho lido opiniões de especialistas (eu não sou) em todos os órgãos de Imprensa, a entrada do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na Embaixada brasileira em Tegucigalpa, feriu o Direito Internacional. Foi uma bobagem. Infelizmente, ao que parece, alguns quadros do partido do Presidente não abandonaram as velhas ideias de uma "união fraternal de todos os povos do Planeta" sob um regime único (apesar de, historicamente, as tentativas de se implantar este regime em vários países, no passado, acarretaram banhos de sangue nada fraternais) e continuam a querer apoiar mandatários que comungam de suas ideias. Assim, a nossa Diplomacia, que teve um papel de destaque nos anos do Governo Lula, comete esta gafe política. Particularmente, duvido que a opinião do Ministro Celso Amorim tenha sido levada em conta neste fato. Pelo que vejo e leio dele na mídia, é uma pessoa absolutamente centrada. Não foi obra dele. Creio ainda que nem o Presidente Lula estava a par de todo o imbroglio político que isto geraria. De qualquer forma, estou escrevendo este comentário devido a um artigo que li no UOL agora mesmo (http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/10/01/ult1859u1565.jhtm) e achei que deveria expressar minha opinião. Nele, um empresário hondurenho sugere uma saída doméstica para a crise, com a mediação de nações amigas. E cita Colômbia, Panamá, Canadá... E o Brasil, que tomou uma atitude parcial, obviamente não foi e nem poderia ser citado. E quanto ao futuro? Não li uma só palavra a este respeito ainda. Imagino que, daqui para a frente, o Brasil, que já exerceu este papel de mediador em outras situações (a missão brasileira no Haiti, pela ONU é um bom exemplo), certamente passará a não ser visto como fora até alguns dias atrás. Ou seja, com um único gesto, jogamos por terra todo um histórico de imparcialidade que cultivamos em sete anos. Lamentável.