terça-feira, 29 de julho de 2008

Insubstituível

O termo foi empregado pelo Gustavo. Vendo pela TV a Seleção Brasileira de Vôlei sendo varrida de quadra pelos Estados Unidos, primeiro, e pela Rússia, depois, a pergunta que logo aparece é: por que? Como a melhor seleção de Võlei de todos os tempos de uma hora para outra perde o rumo? A resposta é uma só: Ricardinho.

Quando o Gustavo foi perguntado por um repórter sobre Ricardinho ele apenas disse que é insubstituível. E pelo que se viu em quadra não resta dúvidas que é mesmo. Enchem a bola do Giba, “o melhor do Mundo”, e no entanto me lembro que ele esteve contundido um tempo, junto com o próprio Gustavo, e a Seleção não perdeu praticamente nada em qualidade. E por que? Simplesmente porque o melhor do Mundo, Ricardinho, estava lá arredondando toda e qualquer bola para os atacantes baterem.

Li a entrevista do Giba na Playboy e lamentei intimamente o que ele disse ali. Certamente do alto de seu título de “melhor do Mundo”, falou uma porção de asneiras do, agora, ex-amigo. Acho que essa entrevista rompe qualquer possibilidade de ambos jogarem juntos novamente numa Seleção. O Giba foi de uma infelicidade enorme, falando do levantador como se fosse o culpado pelo seu corte da equipe durante o Pan. E será que foi?

Ninguém esclarece o que realmente ocorreu no episódio. A única versão que corre é a do próprio Ricardinho, mas as outras partes, Bernardinho e o time, não dão a sua. Apenas dizem que não foi nada daquilo. Se não foi, o que foi, então? Parece-me que, como em várias outras modalidades, algumas pessoas fazem de determinado cargo o seu gueto particular. Na Seleção de vôlei não parece ser diferente (eu disse parece). Parece que o Bernardo colhe os louros de uma glória que, parece, não ser totalmente dele. Assim, numa atitude que pareceu ser prepotente, cortou o melhor do Mundo, Ricardinho, da Seleção. E se ele for parecido comigo, e não duvido, ele não volta para a Seleção nunca mais. Afinal, existem pessoas que quando tomam determinadas decisões, levam até as últimas conseqüências. Eu sou uma dessas, Ricardinho parece ser também.

Tal como já deixei de torcer pela Seleção Brasileira de Futebol há tempos, uma vez que me parece os jogadores estarem muito mais preocupados em faturar alto com publicidade durante as Copas do que jogar, eu deixei de torcer pelo vôlei brasileiro a partir do caso Ricardinho. Afinal, não tem sentido você torcer por uma equipe com todos os sintomas de perdedora. A Seleção de Futebol já é faz tempo e a de Võlei entrou neste rol. A Liga Mundial é prova disso. Alguém espera alguma coisa para as Olimpíadas? Marcelinho não é Ricardinho. Muito menos Bruninho é Ricardinho.

A indignação do Ricardinho logo após o corte do Pan na única entrevista coletiva que deu parece mostrar que ele teria chamado o grupo para si, mas o grupo preferiu se omitir. Afinal existem contratos milionários com tudo quanto é tipo de empresa e com a Mídia. Ninguém queria ficar de fora dos holofotes. E o grupo se alinhou com o Bernardo Rezende. Ocorre que a situação envolvia variantes muito mais complexas. A Seleção não é nada sem o seu levantador. Naquele momento era entregar os anéis para não perder os dedos. Preferiram tentar manter os anéis e lá se foram os artelhos. Agora não tem volta. Volto a dizer: em minha opinião a Seleção não chega ao pódio nas Olimpíadas. O tempo é que vai dizer se tenho razão.


A propósito, disseram-me que não torcer para as Seleções é anti-patriótico. Todavia, esses seleções são seleções de pessoas: Parreira, Dunga, Bernardinho... não são seleções brasileiras, onde estão os melhores. Quanto a Ricardunho, eu entendo a posição dele. E parodiando a famosa propaganda de um cartão de crédito: uma medalha a mais na minha estante: 100 reais; mais um título na minha ficha entre tantos... vá lá, 1000 reais; ver aqueles que me abandonaram na chapada se estrumbicarem: não tem preço!...

terça-feira, 15 de julho de 2008

O Híbrido e a Timemania

Continuo a discussão a respeito do torcedor híbrido. Vou até o site da Caixa Econômica, seção de Loterias e vejo a Timemania. A loteria criada para ajudar os times a manterem suas folhas de pagamento. Louvável a iniciativa do Governo de criar este mecanismo para auxiliar os times. Procuro a ranking dos times em arrecadação e... nenhuma surpresa: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo... todos os chamados grandes nas primeiras colocações. Levando-se em conta que cada aposta representa 44 centavos de real para cada clube, é só calcular o quanto cada time leva a cada semana.

Como eu disse, Flamengo em primeiro lugar com mais de 100 mil apostas pelo Brasil. Certamente, não custa imaginar que muitos simplórios pelo Brasil afora marcaram como time de coração o time carioca. Um pouco menos, o Corinthians, outros tantos o Palmeiras, outros o São Paulo, e aí por diante. E a Timemania que deveria financiar os times locais coloca o dinheiro nas mãos de times de fora.

Imaginemos um torcedor do Rio Grande do Norte (poderia ser qualquer outro Estado): o sujeito faz uma aposta e marca o Fluminense como time do coração. Deduzidos os custos de manutenção, os valores dos prêmios, etc., 44 centavos daqueles 2 reais apostados vão para... o Rio de Janeiro! E não vão voltar, a não ser que haja um ganhador no Rio Grande do Norte (ou daquele onde a aposta foi feita). O dinheiro que deveria ajudar o ABC ou o América, que poderia ajudar até a economia local, vai engordar a Economia... do Rio de Janeiro! O mesmo acontece quando se marca um Flamengo, um Vasco ou um Botafogo. Já se o idiota marca um São Paulo, ou Corinthians, ou Santos, ou Palmeiras, o dinheiro vai impulsionar a Economia... de São Paulo!

Acho que tenho toda a razão para chamar o indivíduo de pateta! Afinal, patetas não pensam! Se pensassem, já teriam chegado a estas conclusões desde meus textos passados. Eu sou obrigado a reconhecer que todos estes adjetivos que usei naqueles textos, um dia, já se aplicaram a mim: néscio, pacóvio, ridículo, pateta, idiota, estúpido, babaca, bronco, palerma, parvo, imbecil, simplório, párvulo birrento, burro. Só que deixei de ser híbrido pouco depois dos 20 anos de idade. Faz muito tempo. Meu mérito foi ter chegado a estas conclusões sozinho. No entanto, aposto que vai ter muito híbrido vociferando contra mim, como se fosse minha a culpa de ele não pensar sozinho, de ter alguém plantando idéias em sua cabeça e depois dizendo: “Não dê ouvidos. Você pensa sozinho. Essa idéia é sua. É bom torcer para o timaço de fora.” Mas agora não existe desculpa. Existe esse texto aqui chamando cada um para pensar por si só. Volto a perguntar: que benefício traz para sua terra torcer para um time de fora? Que benefício traz para sua terra apostar na Timemania num time que está a centenas de quilômetros? Afinal, como eu disse, esse dinheiro vai ficar por lá. E o time de casa, que deveria contar com este reforço financeiro para se tornar forte, fica pequeno. E depois o híbrido vai cobrar da diretoria do time da casa um elenco melhor. É mesmo um paspalho!

Eu aposto na Timemania. Apostei em todos os concursos até agora. E os 44 centavos da minha aposta vão sempre para o Vila. Acho que faço bem a minha parte. Se outros não o fazem, eu conclamo pelo menos aqueles híbridos do Vila Nova (que lamentável!) a fazerem o mesmo, e não apostarem num time de fora. Afinal, ainda me lembro como se fosse hoje eu pisando no Serra Dourada pela primeira vez e me apaixonando à primeira vista por aquela camisa vermelha, por aquele time empurrado por uma torcida fanática, e que deveria torcer só para o Tigre. Isso foi em 1975. Acho que não preciso dizer mais nada...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O Torcedor Híbrido 1

Torcida é como casamento: só tem um. Tal como no casamento, a torcida por um time é para qualquer tempo ou lugar: na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na conquista e na perda de um título... Por aí vai. Todavia, é comum ver-se gente que se diz torcedor de dois times! Que absurdo! Eu chamo um néscio desses de torcedor híbrido. Não é mais nada que isso.

“Torcer” por dois times é torcer por nenhum. Aliás, é se contentar com a metade de qualquer coisa, uma vez que o pacóvio que diz torcer para o “time da casa” e para o “time de fora” jamais poderá sentir em sua plenitude a alegria de ganhar uma partida ou perder uma. Ou o contentamento de conquistar um título ou a decepção de perder um. Sempre será a metade. Vai ganhar um aqui e perder o outro ali, e vai sentir uma alegria pela metade aqui com a vitória de um e esperar uma semana para sentir outra metade de júbilo com a conquista do segundo. Uma meia decepção e mais uma semana para outra meia decepção. É como sentir-se satisfeito (ou meio decepcionado) com um meio almoço, um meio jantar, uma meia esposa, uma meia namorada, um meio orgasmo (principalmente!)... Isto vale para tocedores e torcedoras. É ridículo!

Sempre que converso a respeito disto com qualquer um que “torce” por dois times, eu pergunto para o pateta: “Que benefício isto traz para você ou seu Estado? Quem ganha com esta história de ‘torcida nacional’? Seu time da casa? Ou um time que não traz benefício nenhum para seu Estado?” O idiota prefere comprar uma camiseta do time de fora que a do time de sua terra. E o royalty referente àquela venda vai para o “time nacional” e o time da casa permanece pequeno ou médio porque o dinheiro referente àquele direito pela venda de um acessório qualquer não fica em casa; vai para fora. É uma estupidez!

Nestes debates, antes que eu manifeste essas minhas opiniões, perguntam-me, às vezes: “Para quem você torce em São Paulo?” A resposta é uma só: “Vila Nova!” Sim, eu sou Vila Nova e tenho o maior orgulho do meu time! E a resposta é a mesma para qualquer Estado perguntado. E todavia, eu digo que respeito muito mais um torcedor do arqui-rival Goiás que só torça pelo time dele, que um “torcedor” do Vila que se diz também torcedor de São Paulo, ou Flamengo, ou Palmeiras, ou Corinthians, ou Fluminense, ou Atlético Mineiro... Que babaquice! Já torci para “time de fora”, mas faz muito mais de vinte anos que cheguei a essas conclusões que tenho hoje. Desde então, para bem e para mal, só cabe um time no meu coração.

Eu vejo torcedores híbridos do Vila Nova dizendo: “Um dia, o Vila vai para a Série A e nós vamos ser campeões!” Como? Se o estúpido compra é a camiseta, ou o relógio, ou o chaveiro, ou o boné, etc., todos personalizados com o “time de fora”, um Flamengo ou Corinthians, por exemplo. E a verba que poderia entrar no Vila para a formação de um grande time vai para os cofres dos “times nacionais”, que ficam cada vez mais ricos, em detrimento do “time da casa”.

O Torcedor Híbrido 2

Eu vejo torcedores híbridos do Goiás dizendo: “Um dia, o Goiás vai ser campeão do Brasil!” Como? Se o bronco compra é a camiseta, ou o relógio, ou o chaveiro, ou o boné, etc., todos personalizados com o “time de fora”, um Flamengo ou Corinthians, por exemplo. E a verba que poderia entrar no Goiás para a formação de um grande time vai para os cofres dos “times nacionais”, que ficam cada vez mais ricos, em detrimento do “time da casa”.

Como no casamento, “torcer” para dois times é, é como ter uma esposa e uma amante. E tal como no casamento, geralmente, o palerma dá preferência à amante, ou seja à mulher “de fora”. Alguém acha alguma conotação com o que eu escrevi até aqui? Nas discussões que eu tenho a esse respeito, é patético ver o parvo tentar justificar o “seu amor” pelo time nacional e pelo time de casa ao mesmo tempo. Eu vejo isso como teimosia, uma vez que a única justificativa para se torcer para um time de fora do Estado é se o torcedor é oriundo daquele. É o meu caso, vindo de Goiânia e morando em Palmas.

Essa hstória de “time nacional” é uma das grandes mentiras que pregam. O bombardeio da mídia sobre a opinião pública no sentido de sedimentar essa idéia chega a ser criminosa. Enquanto isso acontece, grandes empresas ganham muito dinheiro. Sempre o dinheiro. No dia em que o “time de fora”, jogando num determinado Estado, só tiver na arquibancada a seu favor torcida do time rival do time local, aís sim, o time local vai ser grande.

Exemplos: no dia em que o Flamengo jogar contra o Goiás e só puder contar com as torcidas do Vila Nova e do Atlético Goianiense para “secar” o tim e verde, aí sim, o Goiás vai ser grande; e vice-versa. Por enquanto, é um bom coadjuvante da Série A, tal como seria o Vila também. No dia em que o Corinthians jogar contra o ABC de Natal e só puder contar com a torcida do América para “secar” o time da casa, aí sim, o ABC vai ser grande; e vice-versa. No dia em que o São Paulo jogar contra o Remo e só puder contar com a torcida do Paysandu para “secar” o time da casa, aí sim, o Remo vai ser grande; e vice-versa. No dia em que o Palmeiras jogar contra o Fortaleza e só puder contar com a torcida do Ceará para “secar” o time da casa, aí sim, o Fortaleza vai ser grande; e vice-versa; e assim por diante. Sempre que um “time nacional” jogar contra um time da casa. Por enquanto, ainda se vêem ineptos que vão para os estádios no Ceará, ou Goiás, ou Amazonas, ou Rio Grande do Norte, ou Bahia, ou qualquer outro Estado com a camisa de um “time grande” como se isso fosse uma grande vantagem. Que imbecil!

Torcedor híbrido é aquele que se contenta com pouco. Eu costumo dizer, que é o sujeito que tem orgasmos sincopados, a espaços determinados. O simplório pega a tabela dos Campeonatos Estaduais para ver quando será o meio orgasmo ou a meia brochada, quando seu “time local” ou o “time nacional” vai jogar no respectivo Campeonato, que vai ganhar ou perder ou empatar. Que isso vai ser bom para a colocação na tabela. Isso é uma parvoíce sem tamanho! E não duvido que algum párvulo birrento ainda vá querer questionar o que expus aqui. Tenha paciência!

Volto a dizer: torcida é como casamento. Não tem sentido largar a esposa por uma amante; quem come o sal junto é que conhece seus problemas de casal. E torcedor e time deveriam ser um só. Mas para alguns parece que viver aventuras é o normal. Na minha opinião, no casamento, é canalhice, simplesmente; no futebol é burrice. Só.

O Torcedor Híbrido Brechtiano

Reproduzo abaixo a conhecida definição de Brecht para o analfabeto político:

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais
.”

Parodiando o mestre, eu vou definir o torcedor híbrido. Parece piada, mas não é, não.

O pior torcedor é o torcedor híbrido. Ele não ouve, não fala, nem quer ouvir falar em imposição da vontade de outros sobre a dele. Ele não sabe que o custo da folha de pagamento do time local, seu crescimento no cenário nacional, no continental, no intercontinental, no mundial, dependem de sua decisão em definir que seu time de coração é o time da casa.

O torcedor híbrido é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que ama o time que está a centenas, às vezes milhares, de quilômetros dele. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância esportiva é que nasce o atleta explorado, o empresário ganancioso, o dirigente desonesto, a Imprensa inescrupulosa e, principalmente, o juiz safado, vigarista, pilantra, corrupto e lacaio de toda esta estrutura, que quando não é possível ao “time grande” se impor no campo, sempre acha um jeito de manipular o resultado para que o time local continue como coadjuvante, que continue levantando a bola para os times dos “grandes centros” baterem
.”

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A Herança Cultural

Sempre que explode algum caso de corrupção no Brasil, ou seja, quase todos os dias, e algum iluminado em alguma parte do país quer comparar este comportamento com o de outros países de Primeiro Mundo, logo diz: “Também, quando Portugal resolveu povoar o Brasil, só mandou para cá a ralé, só veio ladrão, enquanto a Inglaterra mandou cientistas para os Estados Unidos e bla-bla-bla...” Ou seja, nós herdamos de ladrões e vigaristas esta alma brasileira. Será?

Esta teoria é totalmente questionável. Desonestidade não é um fator genético. É um fator moral. Ou se é honesto, ou se não é. É questão de escolha. Todavia, este argumento me soa como uma forma de justificar a própria miséria moral em que o indivíduo vive. Há alguns dias vi uma reportagem em telejornal em que foi mostrada uma gravação, conseguida com autorização da Justiça, onde um empresário tentava convencer um agente executivo, municipal ou estadual, não me lembro, a desviar uma verba em favor de ambos, em que ele dizia: “Isso é dinheiro público, não é dinheiro de ninguém”.

Deus meu! Dinheiro de ninguém! Neste caso, era possível dividi-lo entre eles! Este desclassificado, certamente, não sabe que dinheiro público tem dono, sim: é o povo. E este “dinheiro de ninguém” é que deveria financiar a escola pública, a saúde pública, os programas de inclusão social, geração de emprego! E que é devido a uns criminosos como estes que milhares de pessoas passam fome todos os dias, não têm uma escola decente, um atendimento à saúde apropriado, uma moradia conveniente. Enquanto isso, estes elementos sem honra nem decência desviam esta mesma verba que poderia dar outra cara para o país.

Certamente, há um interesse enorme em perpetuar esta mentira de que somos uma sub-raça, de que herdamos a malandragem, a desonestidade, o crime, dos primeiros povoadores desta terra. Todos os dias veríamos casos de honestidade explícita, de ombridade saliente, se dessem audiência em jornais e TVs. Todavia, o que vende para o público em geral é a violência, a corrupção, a maracutaia (como gosta de dizer o Presidente Lula), tudo o que não presta, o que não acrescenta, o que não educa. De modo que o povo mal-informado e mal-educado vai assimilando isso. Não estaria na hora de o Governo intervir e exigir que, pelo menos, metade da programação das emissoras de TV e Rádio seja educativa? Que saudade de Vila Sésamo! As crianças de hoje em dia só têm Power Rangers ou DragonBall Z para ver, onde o mocinho resolve as suas diferenças no braço, em defesa do “bem”. Porém, o conceito de “bem” é muito subjetivo e, dependendo do grau de egoísmo de cada, pode gerar adultos totalmente desajustados. Aliás, é o que nós já vemos hoje em dia. A minha esperança é que a Internet possa quebrar esses paradigmas, no momento em ela abre espaço para coisas boas, muito boas, por aí. Com uma campanha maciça de incentivo à leitura, então, seria maravilhoso. E que a herança cultural que passaremos para as futuras gerações seja a da honestidade, a da correção. Sem genética, apenas exemplo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

As Lições do Mestre 1

Retomo o que comentei em Contos da Carochinha no mês passado: a idéia de Seleção Brasileira. Quem foi o melhor técnico que a Seleção Brasileira teve? Certamente, a grande maioria dos torcedores vai dizer: “Felipão!” Por que? “Porque foi ele que montou a Seleção campeã de 2002.” Alguns mais antigos talvez digam: “Feola!” Por que? “Foi ele que montou a Seleção de 1958, uma das maiores de todos os tempos, que abriu caminho para que o Brasil se tornasse uma potência no futebol.” Não duvido que outros possam até dizer: “Zagallo!” Por que? “Foi ele que montou a Seleção de 1970, a maior de todos os tempos.” Foi? Na minha opinião, o maior técnico que a Seleção Brasileira teve foi João Saldanha. A grande maioria dos torcedores vai ficar espantanda, certamente. Afinal, para ela, quem foi João Saldanha? Quando foi isso? O que ele ganhou?

Para quem não conhece, na verdade, João Saldanha foi o técnico que montou a Seleção Brasileira de 1970, a maior de todos os tempos. Todavia, todo mundo só fala em Zagallo, há um interesse enorme em dar todos os méritos para este em detrimento daquele. Apesar de tudo, em 1974, Zagalo montou a “sua” Seleção, que foi varrida pelo Carrossel Holandês de Cruijf. Uma Seleção que não tinha cara nenhuma de 1970, esta, um time que jogava pra cima dos outros. A de 1974 era uma Seleção retrancada, como sempe foi o estilo do Zagalo.

Todavia, o ensinamento de Saldanha deveria ser seguido, especialmente por técnicos de Seleção Brasileira. Vejamos a escalação do time de 1970: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Pelé; Jair, Tostão e Rivelino. Uau! Timaço! Individualmente: Félix (Fluminense), não era o melhor goleiro, Ado do Corinthians era melhor, mas uma Seleção dessas não precisava de goleiro e deve ter havido aí uma jogada política; Carlos Alberto (Santos), o melhor na posição; Brito (Botafogo) era um tanque, nada passava por ele, se passasse a bola, o adversário ficava, ou vice-versa; Piazza (Cruzeiro) era volante! Todavia era craque e o Saldanha promoveu-o a titular em lugar de outro cruzeirense, Fontana, que ficou no banco. A primeira lição do Mestre Saldanha! Everaldo (Grêmio) acabou ficando com a vaga de titular devido a uma contusão de Marco Antônio (Botafogo). Marcava muito eficientemente. Clodoaldo (Santos) era o volante habilidosíssimo da máquina santista. Se invertessem-no com o Piazza não haveria problema nenhum; Gérson (Fluminense ou São Paulo?) era o armador, o Canhotinha de Ouro, fazia lançamentos de 40 metros onde a bola parava no pé do companheiro. Só quem viu pra saber; Pelé (Santos), o Rei... sem comentários; O ataque é que é a obra-prima do Saldanha: Jair (Botafogo), o Furacão da Copa, artilheiro do Brasil, jogou como ponta-direita, mas nunca foi ponta! Era meio-campo e craque! Tostão (Cruzeiro), um dos mais inteligentes jogadores de todos os tempos, jogou como centro-avante, mas nunca foi centro-avante! Era meio-campo e craque! Tostão jogava sem bola. Quando o Jair entrava sozinho, era comum ver o Tostão num canto da telinha com dois ou três joagdores marcando. É que ele tinha levado a defesa com ele para que o colega ficasse livre. Um espetáculo! Tostão era tão técnico quanto Pelé; Rivelino (Corinthians), a Patada Atômica, jogou como ponta-esquerda, mas nunca foi ponta! Era meio-campo e craque! Inventou o elástico e era ídolo de Maradona, vejam só! O ataque era formado todo por meia-atacantes, não jogadores de ofício, apenas craques, mais três lições de Mestre Saldanha.

As Lições do Mestre 2

No frigir dos ovos, o que temos então? Seleção é Seleção, jogam os melhores, não importa a posição. Vários técnicos através dos tempos cometeram bobagens e mais bobagens e, no entanto, são tidos como “grandes” por todo mundo. Exemplo? Telê Santana. Sim! O grande Telê, em 1982 e 1986, não convocou o Renato Gaúcho, o melhor ponta-direita do Brasil, simplesmente porque “o Renato não tem postura de jogador de futebol fora de campo.” Nem é preciso dizer a falta que ele fez. Outro grande injustiçado pelo Telê foi Zenon, maestro do Corinthians naqueles tempos. Poderia ter substituído o Zico, detonado fisicamente, em 1986. Ninguém se lembra disso. Mas também, lembrar para que? O próprio Felipão não convocou o Romário para 2002, o que considerei e ainda considero um erro. A Seleção foi campeã e ninguém mais fala nisso. Porém, se não ganhasse?

Houve época no final da década de 1970 ou início da de 1980 em que o Mário Sérgio estava arrebentando no Botafogo, mas não era convocado para a Seleção por que era conhecido pela conduta nada ortodoxa fora dos campos. Noitadas, mulheres, bebida... acho que era isso. O próprio Mário Sérgio reconhece hoje que fez muitas bobagens naquele tempo. Todavia, era um craque.

Então, o Saldanha era comentarista esportivo numa rádio do Rio de Janeiro. Perguntado se o Mário Sérgio devia ser convocado, o Mestre disse uma frase antológica: “O Mário Sérgio não serve para casar com a minha filha, mas é titular absoluto na minha Seleção!” Fantástico! Aí está o maior ensinamento que se pode apreender de um verdadeiro professor de futebol: não se misturam assuntos pessoais com profissionais! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! A partir disso é que eu critico, ainda que uma voz clamando no deserto, o “mestre” Telê, a quem eu culpo (!) pelas perdas das Copas de 82 e 86, a Zagallo pela perda de 1974, a Parreira pela perda de 2006 (no jogo anterior àquele com a França nas quartas-de-final, a seleção de “reservas” jogou infinitamente melhor que a dos “titulares” e o Parreira insistiu em colocar os “cacos” em fim de carreira para enfrentar a poderosa França!).

Ou seja, jogam os melhores. E hoje, em função de “esquema tático” muitos treinadores colocam cabeças-de-bagre em campo e deixam, muitas vezes, ótimos jogadores mofando no banco. Coisas de futebol, poderiam dizer. Não acho. Não precisa ser muito inteligente para ver que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, como o próprio Saldanha disse, repetindo uma passagem conhecida de Hamlet, de Shakespeare. Ou seja, forças ocultas trabalham para que o Brasil continue sendo o maior celeiro de jogadores do Mundo, mas sem ganhar títulos. Enquanto muita gente ganha dinheiro, muito dinheiro. O Brasil tem capacidade para ganhar uma Copa a cada duas ou três, mas...

Assim, Renato Gaúcho, Zenon, Mário Sérgio, antes, e o Alex, do Fenerbahçe, hoje, vão passar para a História como grandes injustiçados. E grande parte da Mídia prefere endeusar a quem não merece em função do dinheiro, muito dinheiro, que ganham mantendo o torcedor médio em estado de beatitude que se desfaz a cada perda de Copa do Mundo, de Taça Libertadores, de Copa das Confederações, etc... Sinceramente, da mesma forma que a Seleção merece os melhores jogadores, também merece o melhor técnico, a melhor Imprensa, etc..

terça-feira, 8 de julho de 2008

Lutero e a Liberdade de Pensamento 1

A Reforma Potestante teve um papel importantíssimo na História. Qualquer pessoa poder questionar as “verdades” que aparecem na Bíblia, principalmente, possibilitou que a Humanidade desse um salto gigantesco, especialmente nas Ciências. Não custa lembrar que, pelo fato de dizer que a Terra girava em torno do Sol, Galileu quase foi condenado à fogueira. Afinal, está escrito na Bíblia que Josué parou o Sol, do que se deduz que o Astro-Rei gira em torno de nosso planeta. E algumas seitas defendem que isso foi obra da Igreja Católica!

Todavia, não custa ver que isso é simplesmente idéia de quem defende a Bíblia em seus fundamentos, não da Igreja Católica, cujo pensamento evoluiu e já aceita as conquistas da Ciência como fato, e tenta adaptar a Bíblia a estes fatos incontestáveis, e não o contrário. Ou seja, o responsável por aquelas perseguições e matanças, das quais a própria Bíblia está recheada, é o próprio homem, não determinada facção ou seita. No entanto, vemos ainda nos dias de hoje pessoas que querem que a Ciência se adapte a este livro, importante sim, mas longe de ser A palavra de Deus. Uma delas, sim. Muito do que está escrito ali nada tem a ver com o Deus Pai pregado por Jesus. E a Ciência prova a cada dia que a Bíblia erra, e erra muito!

Quem concebe hoje que o Sol gira em torno do Sol? Ou que toda a Humanidade derivou apenas de um casal? Ou que todas as espécies de animais sobre a Terra couberam em uma arca de 300 metros de comprimento? E não existe espaço de tempo que contemple todos estes acontecimentos. Dizem que os dias de Deus equivalem a mil anos (está escrito em algum lugar isso), o que explicaria a existência dos dinossauros e todos aqueles animais que habitaram a Terra. Todavia, se se aplicasse este argumento, ainda assim teríamos uma Terra com 14 mil anos! Onde se encaixam todas as idades da Terra neste tempo? Pois bem, os fundamentalistas cristãos, que defendem a inerrância da Bíblia querem me fazer crer que aquilo e isto tudo realmente aconteceram!

A Reforma veio para quebrar todas as formas de tirania às idéias dos homens. Lutero disse que cada pessoa poderia ler os Evangelhos e a própria Bíblia e, ao pedir a ajuda do Espírito Santo, este o auxiliaria na interpretação dos textos sagrados. E após todos estes séculos, desde que Lutero nos deu a possibilidade de dispensarmos qualquer intermediário (entenda-se por padre ou pastor) para nossa comunicação com a Inteligência Suprema (Deus, se quiserem), aqueles que se dizem os herdeiros do Reformador protestante é quem mais impõem amarras ao livre pensamento. É comum vermos alguns adeptos de seitas protestantes tentando impor a outros sua forma de pensar como sendo “a verdadeira” forma de interpretar a Bíblia. E se você diz que pediu a orientação do Espírito Santo e este o orientou de outra maneira, dizem que foi o Diabo que o tentou. E só se dão por satisfeitos se você abraça a sua forma de pensar. Chega a ser infantil tal idéia.

Lutero e a Liberdade de Pensamento 2

Historicamente, sabe-se que Tiago Maior e Paulo divergiram praticamente a vida toda na forma como conduzir a Igreja nascente. Enquanto o primeiro defendia uma Igreja mais voltada para os judeus, adotando, inclusive, alguns ritos judaicos na Igreja de Jerusalém, Paulo a queria totalmente independente da doutrina judaica, uma vez que, em sua opinião, a Mensagem veio para o Mundo todo, não só para os judeus. E não há como dizer que não fossem inspirados pelo Espírito Santo, uma vez que ambos foram santos, apóstolos escolhidos por Jesus por suas qualidades, e que, no entanto, tinham posições diferentes. Tal como acontece hoje em termos de opinião a respeito de Religião. Um dogma que serve para uma pessoa pode não servir para outra.

Há tempos que o Catolicismo abandonou várias idéias que amarraram o progresso da Humanidade através dos séculos. E hoje, o que vemos são os herdeiros de Lutero defendendo as mesmas idéias que atrapalharam este progresso, simplesmente porque tal ou qual coisa não está escrita na Bíblia. Assim, é comum vermos gente defendendo a Teoria Criacionista, que não condiz com a Suprema Justiça, pregada por Jesus como um dos atributos de Deus. Afinal, se só temos uma oportunidade para alcançar a salvação, como responder a perguntas como: porque uns nascem ricos, outros pobres? Alguns inteligentes, outros estúpidos? Alguns em uma família evangélica (o que presume metade do caminho para a salvação asfaltado), outros em famílias católicas ou espíritas (entre os cristãos) ou budistas, ou muçulmanas ou de outra Religião qualquer (o que presume, para os fundamentalistas cristãos, um caminho muito mais acidentado para conseguir a salvação)? Alguns saudáveis, outros cravados de moléstias? Como conciliar a Justiça Perfeita com oportunidades tão díspares de se conseguir o Céu? E pior ainda, se você não se encaixa na crença “correta”, você está condenado ao fogo eterno! Sinceramente, é muito para minha cabeça.

Calvino, um pensador protestante, cujas idéias deram origem ao Calvinismo, muito importante nos séculos XVI a XVIII em toda a Europa, já havia identificado na Bíblia dois deuses muito diferentes: o Deus de Israel, belicoso, parcial, violento e impaciente, e o Deus de Jesus, infinitamente justo, misericordioso, tolerante, amigo, etc.. Um pensador protestante... E o que vejo são seitas protestantes que só falam no Deus de Israel, no Senhor dos Exércitos e outros epítetos que remetem ao enfrentamento, à violência, à intolerância... Não custa lembrar que vai em curso uma campanha de discriminação de determinadas facções cristãs contra os homossexuais. No entanto, enquanto cidadãos, muitos dos homossexuais que conheço são muito melhores, mais honestos, mais corretos que muitos protestantes por aí. Especialmente em política... Mas isso é assunto para outro dia.

Este assunto ainda daria muito pano para manga, mas vou parar por aqui. Conforme costumo dizer para as pessoas de minhas relações, amigos e colegas de trabalho principalmente, eu apenas observo e aprendo. E talvez retome este tema no futuro.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Scaramouche

Citei anteriormente vários livros que eu reputo agradáveis e com conteúdo e que acho deveriam ser lidos por todos. Deixei de citar este que dá título ao texto. Scaramouche é um romance histórico de ficção, escrito por Rafael Sabatini na primeira metade do Século XX, e se passa durante a Revolução Francesa. Posso dizer que um dos mestres em que me espelhei para escrever meus dois livros foi exatamente este.

Scaramouche conta a história de André Luis Moreau, advogado de um fidalgo (!) da pequena nobreza francesa pouco antes do início da Revolução. Cético, o rapaz não se ilude com as promessas de liberdade, fraternidade e igualdade feitas pelos correligionários revolucionários do clube de Literatura de Rennes. Todavia, ao ver seu melhor amigo, Vilmorin, ser assassinado pelo mais poderoso fidalgo da França, resolve empunhar a bandeira do amigo, ainda que sem convicção. E, segundo o texto, acaba tornando-se o principal instrumento nas mudanças que aconteceram. Interessante notar que todos os personagens anônimos que tiveram papel fundamental na Revolução teriam sido o próprio André Luis.

Para sobreviver, perseguido pela polícia do rei, o jovem se une a uma trupe de atores saltimbancos (reconheço que aproveitei esta idéia em O Visitante, mas foi só), onde se torna ator e roteirista. Após vários tropeços, o moço acaba tornando-se auxiliar de espadachim numa academia e a herda quando o dono, de quem se tornara amigo, morre numa manifestação. Nesta altura, a Revolução já vai de vento em popa e, ao tornar-se deputado, a convite de Danton, na Assembléia Constituinte que deveria implantar uma Monarquia Constitucional e salvar a França do desastre, mas que não chegou a vingar, ele tem a oportunidade de enfrentar o velho rival, assassino do amigo em duelo, cujo desfecho é surpreendente. Neste meio tempo, ele tem a espinhosa missão de salvar a amiga de infância e amor de sua vida das garras dos revolucionários. Aline é uma aristocrata. Para tanto ele teria de trair os ideais da Revolução, que acabara por abraçar. No entanto, um diálogo inesperado no final do livro lança dúvidas sobre os verdadeiros intentos daqueles que comandavam a Revolução: “Acreditas realmente que a turba pode viver sem um Governo?” Afora estas, várias outras citações permeiam o livro. Certamente, um dos melhores romances que já li.

Convém dizer que, infelizmente, Hollywood conseguiu estragar uma história fantástica. Estrelado por Stuart Granger, fisicamente um André Luis perfeito, o roteirista conseguiu transformar o astuto e perigoso intrigante Scaramouche num mero espadachim, preocupado unicamente em vingar o amigo num duelo vazio, quando o objetivo do Scaramouche literário era mover toda a máquina chamada Revolução para esmagar o inimigo.

A última edição que conheci de Scaramouche foi pela Coleção Paratodos nos anos 1980, eu creio. Quem se interessar, procure-o nos sebos. Posso garantir que não há de se arrepender.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ingrid

Não quero ser repetitivo. Afinal de contas, o assunto de hoje pelo Mundo afora é a libertação da ex-candidata à Presidência da Colômbia, Ingrid Bétancourt, depois de seis anos em poder das Forças Aramadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Porém, seis anos é um bocado de tempo. Remeto-me a 2002 e lembro que O Visitante só iria ser editado em outubro daquele ano. Depois disso, ainda escrevi A Batalha de Poitiers. É bastante tempo. É inconcebível que uma facção, armada ou não, queira assumir ares de legalidade mantendo um ser humano ( no caso das FARC são mais de 700!) em cativeiro com o argumento de que se trata de prisioneiro de guerra.

Vi pela TV o reencontro de Ingrid com os filhos ainda a bordo do avião da Força Aérea Francesa, que os trouxe de Paris até Bogotá. Certamente, simpatizantes das FARC dirão que a televisão simplesmente explorou a emoção do povo numa jogada de marketing contra a guerrilha. Não vi desta maneira. Realmente, o que vi foi o reencontro emocionado de uma família separa brutalmente por um ato de força de um grupo de pessoas que acham seu ponto de vista de mundo melhor que o dos outros e querem impor este ponto de vista a ferro e fogo.

Pergunto-me se existe algum senso de humanidade em pessoas como estas. Existe desculpa para se separarem mãe e filhos em nome de uma “causa justa”. Que causa justa é esta que impõe a dor a uma família inteira? Estes elementos se diferenciam daqueles que sequestram nas cidades em troca de dinheiro? Afinal, este era um dos outros objetivos das FARC. Arrecadar dinheiro com resgates, além de usar os reféns como escudos humanos contra possíveis operações militares contra eles.

Justiça presume retidão, a César o que é de César, não pagar além do que se deve. E eu pergunto:que dívida esta mãe tinha com estes homens? Dizer que a dívida seria do Governo colombiano não implica o uso de pessoas para cobranças. Depois, que dívida o Governo colombiano tem com estes senhores? Um Governo eleito pelo povo, com aceitação de sua esmagadora maioria não pode ser considerado ilegítimo. Então repito a pergunta? O que Ingrid Bétancourt ou a Colômbia deve para estes senhores? Se o julgamento cabe à História, seria hora daqueles que acreditam em soluções violentas para seus problemas, repensarem suas posições. Sejam agentes, sejam simpatizantes, com certeza a História cobrará de suas memórias as dívidas que tenham contraído com a evasiva de que lutavam por uma sociedade mais justa. Sociedade que desrespeitaram com cada ato de excessão que cometeram.

O Vírus da Terra

A Terra está doente. Os sintomas são evidentes. Tal como o corpo humano quando enfermo apresenta sinais de debilitação, o mesmo acontece com o planeta. Um ser humano espirra, tosse, contorce-se, fica febril, muda de posição na cama em busca daquela que menos lhe incomoda, etc..

Antes da tragédia na Indonésia, quem antes tinha ouvido falar em tsunami? De repente, esta palavra totalmente oriental passou a fazer parte do nosso vocabulário diário. Projeções foram feitas para saber o que aconteceria com as cidades litorâneas de determinados países caso uma tsunami gigante os atingisse.

Erupções gigantescas já são notícia freqüente. O Pinatubo, nas Filipinas, expeliu toneladas e toneladas de poeira na atmosfera, ao ponto de comprometer durante alguns anos até mesmo visibilidade de aeronaves no Mundo, inclusive no Brasil! Eu sou testemunha disso. E que dizer do Santa Helena? A montanha que era o vulcão praticamente desapareceu, varrida por toneladas e toneladas de lava. E os cientistas sabem que o Parque Yellowstone, nos Estados Unidos, é simplesmente um supervulcão, coisa pouco conhecida até hoje, mas que estudos dizem tratar-se da maior manifestação da Natureza na Terra, podendo até ameaçar a sobrevivência do Homem.

O degelo do Ártico é evidente. A cada ano, quilômetros e quilômetros quadrados de geleiras desaparecem devido ao aquecimento global. Calcula-se que, caso a calota polar derreta, o nível dos oceanos subirão em média 12 metros. Em média, porque, devido à rotação da Terra, em alguns lugares as águas poderão subir mais ou menos que isso. E o termo calota se aplica porque trata-se quase totalmente de água congelada flutuando sobre água líquida. Já a Antártica é um continente, formado de rocha como os outros, só que coberto de gelo. Além disso, o derretimento do Ártico poderia retificar o eixo da Terra, atualmente inclinado em relação ao plano do Sol em aproximadamente 23 graus, com conseqüências imprevisíveis.

Quando o corpo humano fica doente, geralmente o agente causador é um vírus. O organismo reage na tentativa de expulsar esse vetor. oOs organismos de defesa começam a agir e o resultado é o aquecimento do corpo na forma de febre. Por fim, com o vírus destruído, tudo volta a funcionar normalmente.

Com a Terra não é diferente. Enquanto o “vírus” esteve agindo impunemente, aparentemente nada aconteceu. De repente, “espirros”, “tosses” e “febre” indicam que a nave-mãe está reagindo enfim. Erupções, tsunamis e aquecimento global mostram que os organismos de defesa estão em ação. E esse vírus chamado Homem não toma jeito! Será que não vemos que o fim disso tudo é a destruição? Eu creio perfeitamente que uma Inteligência Superior (dêem o nome de Deus, se quiserem) vela pela “saúde” desse nosso planeta. E não duvido nem um pouco que, se estiver em Seus planos, essa especiezinha prepotente e idiota poderá mjuito bem ser eliminada e substituída por outra mais bem preparada em milênios vindouros. Tempo não é problema...