terça-feira, 8 de julho de 2008

Lutero e a Liberdade de Pensamento 2

Historicamente, sabe-se que Tiago Maior e Paulo divergiram praticamente a vida toda na forma como conduzir a Igreja nascente. Enquanto o primeiro defendia uma Igreja mais voltada para os judeus, adotando, inclusive, alguns ritos judaicos na Igreja de Jerusalém, Paulo a queria totalmente independente da doutrina judaica, uma vez que, em sua opinião, a Mensagem veio para o Mundo todo, não só para os judeus. E não há como dizer que não fossem inspirados pelo Espírito Santo, uma vez que ambos foram santos, apóstolos escolhidos por Jesus por suas qualidades, e que, no entanto, tinham posições diferentes. Tal como acontece hoje em termos de opinião a respeito de Religião. Um dogma que serve para uma pessoa pode não servir para outra.

Há tempos que o Catolicismo abandonou várias idéias que amarraram o progresso da Humanidade através dos séculos. E hoje, o que vemos são os herdeiros de Lutero defendendo as mesmas idéias que atrapalharam este progresso, simplesmente porque tal ou qual coisa não está escrita na Bíblia. Assim, é comum vermos gente defendendo a Teoria Criacionista, que não condiz com a Suprema Justiça, pregada por Jesus como um dos atributos de Deus. Afinal, se só temos uma oportunidade para alcançar a salvação, como responder a perguntas como: porque uns nascem ricos, outros pobres? Alguns inteligentes, outros estúpidos? Alguns em uma família evangélica (o que presume metade do caminho para a salvação asfaltado), outros em famílias católicas ou espíritas (entre os cristãos) ou budistas, ou muçulmanas ou de outra Religião qualquer (o que presume, para os fundamentalistas cristãos, um caminho muito mais acidentado para conseguir a salvação)? Alguns saudáveis, outros cravados de moléstias? Como conciliar a Justiça Perfeita com oportunidades tão díspares de se conseguir o Céu? E pior ainda, se você não se encaixa na crença “correta”, você está condenado ao fogo eterno! Sinceramente, é muito para minha cabeça.

Calvino, um pensador protestante, cujas idéias deram origem ao Calvinismo, muito importante nos séculos XVI a XVIII em toda a Europa, já havia identificado na Bíblia dois deuses muito diferentes: o Deus de Israel, belicoso, parcial, violento e impaciente, e o Deus de Jesus, infinitamente justo, misericordioso, tolerante, amigo, etc.. Um pensador protestante... E o que vejo são seitas protestantes que só falam no Deus de Israel, no Senhor dos Exércitos e outros epítetos que remetem ao enfrentamento, à violência, à intolerância... Não custa lembrar que vai em curso uma campanha de discriminação de determinadas facções cristãs contra os homossexuais. No entanto, enquanto cidadãos, muitos dos homossexuais que conheço são muito melhores, mais honestos, mais corretos que muitos protestantes por aí. Especialmente em política... Mas isso é assunto para outro dia.

Este assunto ainda daria muito pano para manga, mas vou parar por aqui. Conforme costumo dizer para as pessoas de minhas relações, amigos e colegas de trabalho principalmente, eu apenas observo e aprendo. E talvez retome este tema no futuro.

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