segunda-feira, 14 de julho de 2008

O Torcedor Híbrido 1

Torcida é como casamento: só tem um. Tal como no casamento, a torcida por um time é para qualquer tempo ou lugar: na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na conquista e na perda de um título... Por aí vai. Todavia, é comum ver-se gente que se diz torcedor de dois times! Que absurdo! Eu chamo um néscio desses de torcedor híbrido. Não é mais nada que isso.

“Torcer” por dois times é torcer por nenhum. Aliás, é se contentar com a metade de qualquer coisa, uma vez que o pacóvio que diz torcer para o “time da casa” e para o “time de fora” jamais poderá sentir em sua plenitude a alegria de ganhar uma partida ou perder uma. Ou o contentamento de conquistar um título ou a decepção de perder um. Sempre será a metade. Vai ganhar um aqui e perder o outro ali, e vai sentir uma alegria pela metade aqui com a vitória de um e esperar uma semana para sentir outra metade de júbilo com a conquista do segundo. Uma meia decepção e mais uma semana para outra meia decepção. É como sentir-se satisfeito (ou meio decepcionado) com um meio almoço, um meio jantar, uma meia esposa, uma meia namorada, um meio orgasmo (principalmente!)... Isto vale para tocedores e torcedoras. É ridículo!

Sempre que converso a respeito disto com qualquer um que “torce” por dois times, eu pergunto para o pateta: “Que benefício isto traz para você ou seu Estado? Quem ganha com esta história de ‘torcida nacional’? Seu time da casa? Ou um time que não traz benefício nenhum para seu Estado?” O idiota prefere comprar uma camiseta do time de fora que a do time de sua terra. E o royalty referente àquela venda vai para o “time nacional” e o time da casa permanece pequeno ou médio porque o dinheiro referente àquele direito pela venda de um acessório qualquer não fica em casa; vai para fora. É uma estupidez!

Nestes debates, antes que eu manifeste essas minhas opiniões, perguntam-me, às vezes: “Para quem você torce em São Paulo?” A resposta é uma só: “Vila Nova!” Sim, eu sou Vila Nova e tenho o maior orgulho do meu time! E a resposta é a mesma para qualquer Estado perguntado. E todavia, eu digo que respeito muito mais um torcedor do arqui-rival Goiás que só torça pelo time dele, que um “torcedor” do Vila que se diz também torcedor de São Paulo, ou Flamengo, ou Palmeiras, ou Corinthians, ou Fluminense, ou Atlético Mineiro... Que babaquice! Já torci para “time de fora”, mas faz muito mais de vinte anos que cheguei a essas conclusões que tenho hoje. Desde então, para bem e para mal, só cabe um time no meu coração.

Eu vejo torcedores híbridos do Vila Nova dizendo: “Um dia, o Vila vai para a Série A e nós vamos ser campeões!” Como? Se o estúpido compra é a camiseta, ou o relógio, ou o chaveiro, ou o boné, etc., todos personalizados com o “time de fora”, um Flamengo ou Corinthians, por exemplo. E a verba que poderia entrar no Vila para a formação de um grande time vai para os cofres dos “times nacionais”, que ficam cada vez mais ricos, em detrimento do “time da casa”.

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