quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Monarquia II

Para quebrar este ciclo vicioso, seria interessante para o Brasil assumir o Sistema Parlamentarista com uma Monarquia Constitucional. Já temos uma Família Real aí. Qual o problema? Deixaríamos de ficar trocando de “Famílias Reais” (famílias de presidentes) a cada quatro ou cinco anos, e a Nação teria uma única Família Real para sustentar. Com proventos devidamente definidos pelo Congresso. Fora o charme de termos como Chefe de Estado um Rei, que representaria todos e cada cidadão individualmente! E daqui a alguns anos, estaríamos sustentando UMA única Família Real.
Outra rebatida dos anti-monarquistas: “eu não aceito uma pessoa que acha que é melhor que todo mundo.” Concordo. Um Rei não é melhor que ninguém, tal como um Presidente não é, um Ministro não é, um Governador não é, etc.. No entanto, ele foi colocado ali por ter alguma capacidade para exercer aquela função. E a grandissíssima maioria das pessoas que usa esta argumentação, fala que o nosso Presidente é incapaz de exercer o cargo “porque não tem diploma”. Tenha a paciência! É o cúmulo da hipocrisia (!) já que esse elemento é capaz de dizer que uma pessoa (o Rei) não é melhor que ninguém, mas, nas entrelinhas do que fala, ele se acha melhor que um outro (neste caso, o Presidente).
Acho que o Brasil já está politicamente maduro para adotar o Regime Parlamentarista de Governo. Faltaria apenas escolher qual o Sistema a ser adotado: Monarquista ou Presidencialista. Na Monarquia só vejo vantagens; já o Presidencialismo não me convence. Lembrando que tivemos uma experiência Presidencialista Parlamentarista no Brasil no ínicio dos anos 1960. Não parece ter sido uma experiência muito boa. Turbulências e mais turbulências políticas.
Um Rei teria de ser um sujeito bem educado, inteligente e que passasse pela aprovação do Parlamento. Não conheço pessoalmente qualquer membro da Família Real Brasileira. Por uma ou outra reportagem que leio é que eu fico sabendo de alguma coisa. Parece que temos um príncipe, Dom João, que teria o perfil ideal para Chefe de Estado do Brasil. Um grande Rei!
Legal! Temos um grande País, um grande povo, uma bela Capital. Talvez pudéssemos completar o cenário com um grande Rei: Dom João I. (rss) E um dia, os governantes de outros países, nossos atletas olímpicos ou de Copa do Mundo de Futebol e outros tantos bons brasileiros ou personalidades nacionais ou estrangeiras, poderiam ser recebidos, não no Palácio do Planalto, mas sim, no Paço Real do Planalto. Maravilha! Não custa sonhar...

Monarquia I


Okay, se é para polemizar, vamos nessa!
Todas as grandes nações do Mundo são parlamentaristas, exceto os Estados Unidos, é claro. França, Alemanha, Canadá, Itália, Inglaterra, Japão e Espanha são parlamentaristas. Os quatro primeiros são repúblicas, os outros três monarquias. A República Presidencialista em países subdesenvolvidos serve apenas para manter a velha posição inferior em relação aos países desenvolvidos. Senão, é só observar na História do Brasil que tal regime serviu apenas para centralizar o poder nas mãos de um ou outro grupo oligárquico. Nas histórias de outros países pelo Mundo afora não parece ter sido diferente com resultados parecidos. Hoje, por exemplo, Zimbabwe e Sudão estão aí para quem quiser ver.
Durante o famigerado plebiscito de 1993, a Grande Imprensa agiu de comum acordo para fazer passar a manutenção do atual sistema visando a manutenção do status quo. O então Presidente representava bem seu papel de porta-voz do Empresariado. Uma ala do Partido dos Trabalhadores apoiou o Sistema Presidencialista, apesar da cúpula ter afirmado, sem muita ênfase, que era favorável ao Parlamentarismo. Não culpo a ala popular do PT por ter se unido às forças mais atrasadas do País a fim de fazer passar o Presidencialismo. Afinal, a perspectiva de eleição do Lula era muito grande naquele momento. Hoje eu entendo e aceito aquela posição. Todavia, naquela época, eu critiquei veementemente a atitude daqueles militantes. Na seqüência, tivemos de amargar o Fernando Henrique mais quatro anos.
Pois bem. A República no Brasil falhou! Aquela que veio para resolver os problemas nacionais de ordem interna e externa no final do Século XIX não conseguiu alcançar seus objetivos. E hoje, a coisa vai na mesma toada.
Durante o plebiscito, muito se falou sobre corrupção nos Governos do Império. Preocupados em mostrar os lados positivos da Monarquia, os programas de propaganda monarquista na televisão não rebateram estas acusações de forma positiva. Era simples: bastava mostrar que nenhum dos Governos da República é exemplo de retidão! Qualquer pesquisador pode acessar os dados de qualquer época desde a Proclamação da República e tirar suas próprias conclusões.
Outro argumento imbecil que ouço sempre que digo que sou monarquista: “eu não quero sustentar uma Família Real que fique lá no Palácio usufruindo do bom e do melhor.” Que bobagem! Para quem diz uma coisa dessas, eu simplesmente digo que nós, atualmente, em plena República, não sustentamos uma Família Real; nós sustentamos várias Famílias Presidenciais que usufruem do bom e do melhor! Ninguém se informa para saber que um Presidente da República tem uma pensão vitalícia quando se retira. A menos que isto não mais se aplique, o que eu duvido. Assim, mesmo com apenas um Presidente, Luis Inácio Lula da Silva, no Governo, nós sustentamos as famílias do Fernando Henrique, Fernando Collor, Itamar Franco, José Sarney, e as viúvas vivas de todos os ex-presidentes! E, pensando bem, eu, particularmente, acho que isto é até justo! Afinal foram homens que, bem ou mal, comandaram um País com mais de 100 milhões de pessoas. Isto não é pouca coisa! E o mesmo vai acontecer com a Família do Lula, da Dilma, e de quem mais vier depois dela.

Janis Joplin


Sempre que estou aqui jogando meu xadrezinho contra o computador (afinal ninguém é de ferro!), costumo ouvir música (e eu disse música, não lixo, se alguém chegar a pensar que eu compartilho do mau gosto da maioria das pessoas desse país). E, devo confessar, é lamentável eu ter descoberto Janis Joplin tão tarde! Tendo trabalhado mais de 17 anos em rádio eu deveria ter aprendido a gostar. Todavia, nunca me despertou qualquer interesse. Afinal, eu pensava tratar-se apenas de modismo, de uma cantora que satisfazia apenas um nicho cheio de hippies mal-cheirosos ou intelectuais antiquados dos anos sessenta.
Agora, às portas da meia-idade, começo a ouvir Janis e me encanto com a vitalidade dessa voz, décadas após a morte de sua dona. De repente, começo a imaginar como ela deve ter incomodado a sociedade conservadora da época. A voz de Janis não pode ser comparada com as vozes de cantoras negras, reconhecidamente de enorme potencial dentro da música norte-americana. Simplesmente porque a voz dela não se pode comparar a nenhuma outra! É única! Indubitavelmente, é uma voz única!
É pouco provável que, caso tivesse me apaixonado por ela na adolescência, eu viesse a experimentar ácido ou qualquer outra porcaria, por ela ter sido elevada (ou rebaixada) a exemplo para todo tipo de viciado ou coisa parecida. Nunca foi minha praia. Nunca precisei de um toco de qualquer coisa com uma brasa na ponta ou um copo cheio de álcool para me resolver. Mas, certamente, eu teria adicionado ao meu acervo de som de qualidade mais esse.
Em O Visitante eu já escrevi que, quando se ouve uma música, se aprecia um lance de futebol, se lê um bom livro, o fã está reconstruindo, de alguma forma, o ato de criação do autor. Cada vez que se ouve uma boa música, o ouvinte se transporta para o momento em que foi criada. Por isso, quando mais se sobe na escala intelectual, menos esse lixo que é empurrado dia a dia para todo mundo, especialmente pela TV, passa a agradar. Mas isso é assunto para outro artigo.
É extremamente prazeroso ouvir Take a Little Peace of My Heart ou Summertime. A voz de Janis penetra nos ossos, é de arrepiar! Além de serem belas canções. Infelizmente, este tipo de experiência eu não posso transferir, apenas relatar. É muito bonito, é muito belo. Pena que uma artista desse naipe tenha morrido tão jovem e nas circunstâncias em que morreu.
Quanto ao fato de eu ter me referido a hippies e viciados, não me levem a mal. Não tenho preconceitos. Eu sei que o toxicômano é um enfermo que precisa de tratamento, espiritual, emocional e físico; quanto ao mito do hippie mal-cheiroso, hoje eu me lembro que, apesar de me banhar todos os dias, eu não cheirava muito bem na minha adolescência, reconheço (rss). Tanto que, alguns anos atrás encontrei uma ex-colega de segundo grau que disse não se lembrar de mim. Até que ela disse: “Ah, lembrei: você era meio hippão, assim...” Quando contei para o Henirdes, ele bem disse que a Cláudia só podia estar zombando. Afinal, a nossa galerinha mais fechada tinha eu, ele, Kika, a própria Cláudia, Sheila, Keila, Tânia, Vânia, Gustavo, João Batista, Gilberto e mais uns dois ou três outros, possivelmente, de quem não me lembro agora. Ela não precisava dizer que não se lembrava...
Uma ex-professora de Psicologia que tive, Kellen, me disse que uma fase da adolescência pode ser a do desasseio, principalmente para aqueles que se sentem excluídos, como os feios e CDFs. Eu tinha ambas as características (rss). Graças a Deus eu nasci pobre, feio e looooooonge... o que me impediu ser medíocre. Nas próximas encarnações espero ter a mesma sorte.
(P.S.: quando se diz que se está jogando contra o computador, diz-se uma bobagem. Joga-se contra um programa. E eu tenho um muito bom: Fritz 6.0. Apesar da versão mais atual já estar por 11.0. Todavia, eu quase sempre sou massacrado pelo 6.0. Que pretenderia ser pelo 11.0? Moído? Defenestrado? Amassado? Ui!...)

domingo, 31 de agosto de 2008

Ainda Giba e Companhia

Desculpem-me se continuo batendo nesta tecla, mas continuo inconformado com o fato de as pessoas não terem opiniões próprias, não pensarem e simplesmente ficarem repetindo o que lhes colocam na boca, sem perceberem que existem muitos interesses comerciais por trás daquilo que lhes fazem acreditar. E também indignado por me rotularem de simples palpiteiro.

Gostaria de esclarecer a quem não está bem informado que o Giba foi eleito o melhor do Mundo durante o Mundial do ano passado, quando ele cortou muita bola, fez muitos pontos a partir de ótimas assistências (ou deveria dizer levantadas?) de um jogador excepcional, certamente, este sim, o melhor do Mundo. Não foi a Imprensa Mundial nem os atletas em geral que o consideraram o melhor; foi, apenas, um acontecimento pontual, de momento. Assim, por que, de repente, o Giba não foi o melhor da Liga, numa final que aconteceu no Brasil, se é que esqueceram?

Pois bem, perguntaram por que o Ricardinho não foi campeão italiano, então. Bom, não me ocorre que ele tenha disputado um Campeonato Italiano inteiro ainda. Não sei como vai ser no futuro. Todavia, já que me questionaram, faço eu, então as minhas indagações.

Se o Ricardinho é dispensável, por que a Seleção Brasileira, de uma hora para outra, perde de seleções de quem sempre ganhou, com certa dificuldade na casa do adversário, e, geralmente, de 3 a 0 em casa? Seleções como Estados Unidos e Rússia não foram páreo para o Brasil nos últimos anos e, como eu disse, de repente, ganham da nossa Seleção em pleno Maracanãzinho, por acachapantes 3 a 0 e 3 a 1.

Se o Bernardo Rezende teve razão em cortar o Ricardinho nas vésperas de estrear no Pan, por que ele convocou-o para os jogos da Liga? Magnanimidade? Ou consciência de que fez bobagem? Afinal, se a atitude do Ricardinho foi tão ofensiva, ele deveria ser banido da Seleção, “enquanto eu for técnico”, poderia dizer o Bernardinho. Todavia, as palavras que ele usou foram “hora de perdoar” (eu vi e ouvi muito bem a entrevista). Perdão? De quem? Dele? Ou do Ricardinho?

Se o Ricardinho estava errado na história toda, por que ele não aceitou humildemente a convocação para a Liga e não retornou para a Seleção de cabeça baixa? Burrice? Ou indignação? Se ele é o culpado, teria de estar agradecido pela “chance” dada pelo Bernardo. Todavia, o Ricardinho simplesmente ignorou a convocação. Nem deu satisfação. Não parece ser a atitude de quem errou. Parece mais a atitude de quem está injuriado. Será que ele recusou o “perdão” do Bernardinho ou é ele que, extremamente ofendido, se recusou a aceitar o pedido de desculpas? Parece-me que a segunda opção é mais aceitável.

Já lembrei duas citações a respeito de unanimidade. Cito outra ainda: “quando todos pensam da mesma forma, é porque ninguém está pensando”. Quer verdade maior que essa? Afinal, aqueles que entraram aqui neste espaço para criticar meu ponto de vista, como se tivessem suas próprias opiniões, defendem a mesma opinião difundida pela Grande Imprensa. Interessante, não é? Esta tem grandes interesses financeiros e, obviamente, não vai dizer que a Seleção tornou-se uma equipe média. Se fizesse isso, não haveria como fechar com anunciantes grandes contratos envolvendo milhões de reais. E dizem apenas, que a Seleção se cansou, mas que nas Olimpíadas vai arrebentar. E conta, é claro, com a aceitação passiva daquela famosa massa de manobra que repete o que ela diz, pois é assim que ela fatura alto. No momento em que esse filão secar, deixar de ser lucrativo, ela vai atrás de outro.

Quem não viveu a década de 1970, não sabe que o segundo esporte no Brasil era o basquete. O espaço reservado na mídia para este esporte era equivalente ao do vôlei de hoje. Atletas como Carioquinha, Ubiratan, Adilson, Marquinhos, Hélio Rubens, Vlamir e outros eram tratados como heróis, eram recebidos por multidões em saguões de aeroportos e tudo o mais. Tal como os atletas do vôlei de agora. No entanto, hoje, alguém fala alguma coisa de nosso basquete? Obviamente, não. E, para o vôlei, se não acharem um substituto à altura para o Ricardinho (não me façam rir; não existe!) para que voltem a promover Giba e Companhia, rapidamente a Mídia vai procurar outro veio de onde tirar dinheiro às custas daqueles que se iludem com o que ela lhes oferece. Nem que seja jogo de palitinho. Opiniões a favor ou contra são bem-vindas.

(Este texto eu escrevi em ‎7‎ de ‎agosto‎ de ‎2008 às ‏‎13:54:47, conforme data do próprio arquivo. Todavia, desde que me mudei para Uberlândia, não tive mais acesso à Internet com facilidade, razão por que só postei hoje. Como a minha opinião não mudou, publico assim mesmo.)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Palmas

Faz um tempo já que eu queria escrever sobre a minha mudança de Palmas. Foi um período enriquecedor no qual fiz grandes amigos, amadureci ainda mais como pessoa e pude conviver com várias nuances de comportamento, que eu não conhecia pessoalmente, e que pretendo explorar em meus textos literários futuramente.

No momento, estou com extrema dificuldade para acessar a net porque ainda não me acomodei definitivamente em minha nova, porém antiga, cidade natal, Uberlândia. Tanto que estou no momento numa lan house escrevendo diretamente no computador, sem chance de elaborar o texto com mais cuidado. Todavia, aí vai.

Obviamente, a capital do Tocantins vai ficar para sempre no meu coração. Numa situação extremamente desconfortável, Palmas acolheu-me com carinho, dando-me o que Goiânia não pôde oferecer-me durante mais de cinco anos: oportunidade. Agora, venho para Uberlândia numa nova etapa de minha vida, mas com aquela capital na mente.

Certamente, vou sentir saudade das vezes em que fui com os colegas da Torre de Controle do Aeroporto para a Palmas Brasil tomar um caldo no Caldos e Caldos ou no Caldos e Cia.. Ou ainda comer um quibe no Salim. A Lud é que gostava daquela iguaria. Rss. Ou na Dom Vergílio saboreando a melhor pizza da cidade, uma das melhores que já comi, enquanto Gedilson, Fred, Natália, Ludmila e Aninha saboreavam vinho Miolo (qual era o tipo mesmo?). Depois, pra fechar um cálice de vinho do Porto. Eles bebiam, eu não. Almoçar no Nelson´s com Sérgio, eventualmente a Lívia, esposa dele, Gedilson e Fred. Mais para a frente vou citar os outros colegas, mas neste momento estou escrevendo de improviso.

Ainda vou andar pela JK ou pela Teotônio Segurado, certamente, passar pelo relógio de sol da Praça dos Girassóis, comprar uma lasanha no Quartetto, comer um strogonoff no Giraffa's do Palmas Shopping, sei lá. Apenas estou lembrando algumas de minhas rotinas e espero que não me levem a mal, uma vez que apenas não encontro palavras para expressar minha gratidão e estima pela cidade e pelos amigos que deixei ali. Sempre no meu coração. Se Deus quiser, eu volto para revê-la e revê-los. Amo todos vocês! Obrigado.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ainda Ricardinho

São exatamente 01hora e 03 minutos quando começo a escrever esta resposta àqueles que criticaram minha opinião a respeito do Ricardinho. Pois bem! Publiquei todos os comentários, não tenho do que me esconder. Acho melhor assim. Diferentemente de um de meus críticos que apenas publicou a crítica como "anônimo". Seria mais elegante se se mostrasse, não é assim? "Anônimo"...

Bem. Não retiro uma só palavra do que escrevi. Dizer que esperei que Giba e Companhia perdessem a final da Liga para me manifestar não é correto. Apenas não queria mais falar nisso, e ainda assim, daria a mesma opinião, ainda que o resultado fosse a conquista da Liga. Afinal, deixei claro que discordei da não convocação do Romário para a Copa de 2002. O Brasil foi campeão e continuo com a mesma opinião. Foi um erro. E continuo também com a mesma opinião sobre a Seleção de Vôlei: ela desabou com a saída do Ricardinho.

Nunca vi o Ricardinho ser substituído durante uma partida por deficiência técnica. No entanto, contra os Estados Unidos, o Marcelinho foi substituído pelo Bruno nos dois últimos sets e, certamente, não foi por opção tática do Sr. Bernardo Rezende. Contra a Rússia começou o Marcelo, de novo, e terminou com o Bruno. Não me ocorre que o Giba tenha dado conta do recado sozinho. Mas, volto a lembrar que ele não fez a mínima falta quando esteve contundido, mas com o Ricardinho em quadra.

Já para o negãaooooooo, que disse ser uma vergonha eu moderar os comentários, como de fato eu posso fazê-lo, se quiser, informo que não tem nenhum comentário que eu não tenha postado. O dele está aí. Acho interessante dizer que sou mais um palpiteiro, simplesmente porque tenho opinião própria. Por outro lado, acho lamentável que tenha gente que repete tudo o que a mídia diz para ele, como se fosse sua própria opinião, e acaba tendo a mesma opinião de outros 120 milhões ou 130 milhões de pessoas pelo país afora. Lembro Nelson Rodrigues que disse: "toda unanimidade é burra". Parece-me não ser muito apropriado partilhar desta quase unanimidade. E, ainda, reescrevo o pensamento de Diógenes, filósofo grego: "quando eu digo alguma coisa e me aplaudem, com certeza, eu devo ter dito uma grande asneira".

Para a Fernanda eu digo, já que me parece ser uma pessoa que pensa por si só, que torça pelos nossos atletas do atletismo, por exemplo. Levando-se em conta que o Giba aparece num anúncio de celular com TV, no de um Banco, junto com o Falcão, do Futsal, e mais um outro em que ele aparece com Bernardinho numa publicidade de não sei o que em que ele enfrenta uma porção de ninjas... bem, naquilo ali deve rolar uma nota preta! Durante a Copa do Mundo, também, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos, Parreira... principalmente esses faturaram horrores com publicidade, especialmente de cerveja. Faça um pequeno esforço de memória que você se lembra. Ronaldinho Gaúcho também faturou alto.

Portanto, como já disse, torça pelo atletismo, pela ginástica artística, judô, nado sincronizado (nem sei se classificaram), tae-kwondo, boxe... saia do círculo vicioso. Aquele pessoal que citei tem muitos interesses econômicos para, apenas, defenderem as cores de nossa bandeira. Estes, não. Estão ali por um ideal. Suas contas bancárias são muito mais modestas, conseqüentemente, muito mais simpáticas. Assemelham-se às dos 120 milhões ou 130 milhões que labutam dia-a-dia para defender o pão, e que, no final, torcem para aqueles que viajam na classe executiva de grandes empresas aéreas, hospedam-se em hotéis cinco estrelas, moram em mansões no exterior, e se esquecem dos que treinam e competem com equipamentos inapropriados, sem patrocínio, sem apoio, mas conseguem resultados expressivos contra todas as expectativas, e só contam com a simpatia de pessoas como nós, que pensam!

Adoro judô! Lindo de se ver. Adoro salto triplo, que eu pratiquei amadoristicamente quando era adolescente. Hoje jogo xadrez, um jogo intelectual, e que estimula o pensamento, a inteligência, a iniciativa. Assim, naturalmente, eu só poderia ter opinião própria, diferentemente de 120 milhões ou 130 milhões de brasileiros que pensam o que lhes mandam pensar. Se eu tivesse menos idade, eu iria estudar para ser técnico de futebol, não de vôlei. Todavia, sou apenas um escritor, ou seja, um sujeito que gosta de ler para ter opiniões próprias, diferentemente de 120 milhões ou 130 milhões de brasileiros que têm a opinião que lhes mandam ter. E por aí vai.

Fernanda, continue torcendo pela Seleção de Vôlei. Tudo bem. Eu apenas a risquei da minha lista para não ter mais uma decepção.

Uma construção se apóia em um alicerce sólido. Enfraqueça esse alicerce e a construção vem abaixo. O alicerce da Seleção era o Ricardinho. E a Seleção é uma construção muito pesada para ser sustentada por um levantador mediano. Se para o negãaooooooo o Ricardinho já era, para mim, sem Ricardinho, a Seleção já era. De qualquer forma, temos uma Olimpíada pela frente para sabermos se temos razão ou não. Se conquistar o ouro, vou continuar com a mesma opinião; se perder, nem vou me dar ao trabalho de voltar a esse assunto. Já se tornou maçante, uma vez que é óbvio. São 01 hora e 54 minutos agora.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Insubstituível

O termo foi empregado pelo Gustavo. Vendo pela TV a Seleção Brasileira de Vôlei sendo varrida de quadra pelos Estados Unidos, primeiro, e pela Rússia, depois, a pergunta que logo aparece é: por que? Como a melhor seleção de Võlei de todos os tempos de uma hora para outra perde o rumo? A resposta é uma só: Ricardinho.

Quando o Gustavo foi perguntado por um repórter sobre Ricardinho ele apenas disse que é insubstituível. E pelo que se viu em quadra não resta dúvidas que é mesmo. Enchem a bola do Giba, “o melhor do Mundo”, e no entanto me lembro que ele esteve contundido um tempo, junto com o próprio Gustavo, e a Seleção não perdeu praticamente nada em qualidade. E por que? Simplesmente porque o melhor do Mundo, Ricardinho, estava lá arredondando toda e qualquer bola para os atacantes baterem.

Li a entrevista do Giba na Playboy e lamentei intimamente o que ele disse ali. Certamente do alto de seu título de “melhor do Mundo”, falou uma porção de asneiras do, agora, ex-amigo. Acho que essa entrevista rompe qualquer possibilidade de ambos jogarem juntos novamente numa Seleção. O Giba foi de uma infelicidade enorme, falando do levantador como se fosse o culpado pelo seu corte da equipe durante o Pan. E será que foi?

Ninguém esclarece o que realmente ocorreu no episódio. A única versão que corre é a do próprio Ricardinho, mas as outras partes, Bernardinho e o time, não dão a sua. Apenas dizem que não foi nada daquilo. Se não foi, o que foi, então? Parece-me que, como em várias outras modalidades, algumas pessoas fazem de determinado cargo o seu gueto particular. Na Seleção de vôlei não parece ser diferente (eu disse parece). Parece que o Bernardo colhe os louros de uma glória que, parece, não ser totalmente dele. Assim, numa atitude que pareceu ser prepotente, cortou o melhor do Mundo, Ricardinho, da Seleção. E se ele for parecido comigo, e não duvido, ele não volta para a Seleção nunca mais. Afinal, existem pessoas que quando tomam determinadas decisões, levam até as últimas conseqüências. Eu sou uma dessas, Ricardinho parece ser também.

Tal como já deixei de torcer pela Seleção Brasileira de Futebol há tempos, uma vez que me parece os jogadores estarem muito mais preocupados em faturar alto com publicidade durante as Copas do que jogar, eu deixei de torcer pelo vôlei brasileiro a partir do caso Ricardinho. Afinal, não tem sentido você torcer por uma equipe com todos os sintomas de perdedora. A Seleção de Futebol já é faz tempo e a de Võlei entrou neste rol. A Liga Mundial é prova disso. Alguém espera alguma coisa para as Olimpíadas? Marcelinho não é Ricardinho. Muito menos Bruninho é Ricardinho.

A indignação do Ricardinho logo após o corte do Pan na única entrevista coletiva que deu parece mostrar que ele teria chamado o grupo para si, mas o grupo preferiu se omitir. Afinal existem contratos milionários com tudo quanto é tipo de empresa e com a Mídia. Ninguém queria ficar de fora dos holofotes. E o grupo se alinhou com o Bernardo Rezende. Ocorre que a situação envolvia variantes muito mais complexas. A Seleção não é nada sem o seu levantador. Naquele momento era entregar os anéis para não perder os dedos. Preferiram tentar manter os anéis e lá se foram os artelhos. Agora não tem volta. Volto a dizer: em minha opinião a Seleção não chega ao pódio nas Olimpíadas. O tempo é que vai dizer se tenho razão.


A propósito, disseram-me que não torcer para as Seleções é anti-patriótico. Todavia, esses seleções são seleções de pessoas: Parreira, Dunga, Bernardinho... não são seleções brasileiras, onde estão os melhores. Quanto a Ricardunho, eu entendo a posição dele. E parodiando a famosa propaganda de um cartão de crédito: uma medalha a mais na minha estante: 100 reais; mais um título na minha ficha entre tantos... vá lá, 1000 reais; ver aqueles que me abandonaram na chapada se estrumbicarem: não tem preço!...

terça-feira, 15 de julho de 2008

O Híbrido e a Timemania

Continuo a discussão a respeito do torcedor híbrido. Vou até o site da Caixa Econômica, seção de Loterias e vejo a Timemania. A loteria criada para ajudar os times a manterem suas folhas de pagamento. Louvável a iniciativa do Governo de criar este mecanismo para auxiliar os times. Procuro a ranking dos times em arrecadação e... nenhuma surpresa: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo... todos os chamados grandes nas primeiras colocações. Levando-se em conta que cada aposta representa 44 centavos de real para cada clube, é só calcular o quanto cada time leva a cada semana.

Como eu disse, Flamengo em primeiro lugar com mais de 100 mil apostas pelo Brasil. Certamente, não custa imaginar que muitos simplórios pelo Brasil afora marcaram como time de coração o time carioca. Um pouco menos, o Corinthians, outros tantos o Palmeiras, outros o São Paulo, e aí por diante. E a Timemania que deveria financiar os times locais coloca o dinheiro nas mãos de times de fora.

Imaginemos um torcedor do Rio Grande do Norte (poderia ser qualquer outro Estado): o sujeito faz uma aposta e marca o Fluminense como time do coração. Deduzidos os custos de manutenção, os valores dos prêmios, etc., 44 centavos daqueles 2 reais apostados vão para... o Rio de Janeiro! E não vão voltar, a não ser que haja um ganhador no Rio Grande do Norte (ou daquele onde a aposta foi feita). O dinheiro que deveria ajudar o ABC ou o América, que poderia ajudar até a economia local, vai engordar a Economia... do Rio de Janeiro! O mesmo acontece quando se marca um Flamengo, um Vasco ou um Botafogo. Já se o idiota marca um São Paulo, ou Corinthians, ou Santos, ou Palmeiras, o dinheiro vai impulsionar a Economia... de São Paulo!

Acho que tenho toda a razão para chamar o indivíduo de pateta! Afinal, patetas não pensam! Se pensassem, já teriam chegado a estas conclusões desde meus textos passados. Eu sou obrigado a reconhecer que todos estes adjetivos que usei naqueles textos, um dia, já se aplicaram a mim: néscio, pacóvio, ridículo, pateta, idiota, estúpido, babaca, bronco, palerma, parvo, imbecil, simplório, párvulo birrento, burro. Só que deixei de ser híbrido pouco depois dos 20 anos de idade. Faz muito tempo. Meu mérito foi ter chegado a estas conclusões sozinho. No entanto, aposto que vai ter muito híbrido vociferando contra mim, como se fosse minha a culpa de ele não pensar sozinho, de ter alguém plantando idéias em sua cabeça e depois dizendo: “Não dê ouvidos. Você pensa sozinho. Essa idéia é sua. É bom torcer para o timaço de fora.” Mas agora não existe desculpa. Existe esse texto aqui chamando cada um para pensar por si só. Volto a perguntar: que benefício traz para sua terra torcer para um time de fora? Que benefício traz para sua terra apostar na Timemania num time que está a centenas de quilômetros? Afinal, como eu disse, esse dinheiro vai ficar por lá. E o time de casa, que deveria contar com este reforço financeiro para se tornar forte, fica pequeno. E depois o híbrido vai cobrar da diretoria do time da casa um elenco melhor. É mesmo um paspalho!

Eu aposto na Timemania. Apostei em todos os concursos até agora. E os 44 centavos da minha aposta vão sempre para o Vila. Acho que faço bem a minha parte. Se outros não o fazem, eu conclamo pelo menos aqueles híbridos do Vila Nova (que lamentável!) a fazerem o mesmo, e não apostarem num time de fora. Afinal, ainda me lembro como se fosse hoje eu pisando no Serra Dourada pela primeira vez e me apaixonando à primeira vista por aquela camisa vermelha, por aquele time empurrado por uma torcida fanática, e que deveria torcer só para o Tigre. Isso foi em 1975. Acho que não preciso dizer mais nada...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O Torcedor Híbrido 1

Torcida é como casamento: só tem um. Tal como no casamento, a torcida por um time é para qualquer tempo ou lugar: na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na conquista e na perda de um título... Por aí vai. Todavia, é comum ver-se gente que se diz torcedor de dois times! Que absurdo! Eu chamo um néscio desses de torcedor híbrido. Não é mais nada que isso.

“Torcer” por dois times é torcer por nenhum. Aliás, é se contentar com a metade de qualquer coisa, uma vez que o pacóvio que diz torcer para o “time da casa” e para o “time de fora” jamais poderá sentir em sua plenitude a alegria de ganhar uma partida ou perder uma. Ou o contentamento de conquistar um título ou a decepção de perder um. Sempre será a metade. Vai ganhar um aqui e perder o outro ali, e vai sentir uma alegria pela metade aqui com a vitória de um e esperar uma semana para sentir outra metade de júbilo com a conquista do segundo. Uma meia decepção e mais uma semana para outra meia decepção. É como sentir-se satisfeito (ou meio decepcionado) com um meio almoço, um meio jantar, uma meia esposa, uma meia namorada, um meio orgasmo (principalmente!)... Isto vale para tocedores e torcedoras. É ridículo!

Sempre que converso a respeito disto com qualquer um que “torce” por dois times, eu pergunto para o pateta: “Que benefício isto traz para você ou seu Estado? Quem ganha com esta história de ‘torcida nacional’? Seu time da casa? Ou um time que não traz benefício nenhum para seu Estado?” O idiota prefere comprar uma camiseta do time de fora que a do time de sua terra. E o royalty referente àquela venda vai para o “time nacional” e o time da casa permanece pequeno ou médio porque o dinheiro referente àquele direito pela venda de um acessório qualquer não fica em casa; vai para fora. É uma estupidez!

Nestes debates, antes que eu manifeste essas minhas opiniões, perguntam-me, às vezes: “Para quem você torce em São Paulo?” A resposta é uma só: “Vila Nova!” Sim, eu sou Vila Nova e tenho o maior orgulho do meu time! E a resposta é a mesma para qualquer Estado perguntado. E todavia, eu digo que respeito muito mais um torcedor do arqui-rival Goiás que só torça pelo time dele, que um “torcedor” do Vila que se diz também torcedor de São Paulo, ou Flamengo, ou Palmeiras, ou Corinthians, ou Fluminense, ou Atlético Mineiro... Que babaquice! Já torci para “time de fora”, mas faz muito mais de vinte anos que cheguei a essas conclusões que tenho hoje. Desde então, para bem e para mal, só cabe um time no meu coração.

Eu vejo torcedores híbridos do Vila Nova dizendo: “Um dia, o Vila vai para a Série A e nós vamos ser campeões!” Como? Se o estúpido compra é a camiseta, ou o relógio, ou o chaveiro, ou o boné, etc., todos personalizados com o “time de fora”, um Flamengo ou Corinthians, por exemplo. E a verba que poderia entrar no Vila para a formação de um grande time vai para os cofres dos “times nacionais”, que ficam cada vez mais ricos, em detrimento do “time da casa”.

O Torcedor Híbrido 2

Eu vejo torcedores híbridos do Goiás dizendo: “Um dia, o Goiás vai ser campeão do Brasil!” Como? Se o bronco compra é a camiseta, ou o relógio, ou o chaveiro, ou o boné, etc., todos personalizados com o “time de fora”, um Flamengo ou Corinthians, por exemplo. E a verba que poderia entrar no Goiás para a formação de um grande time vai para os cofres dos “times nacionais”, que ficam cada vez mais ricos, em detrimento do “time da casa”.

Como no casamento, “torcer” para dois times é, é como ter uma esposa e uma amante. E tal como no casamento, geralmente, o palerma dá preferência à amante, ou seja à mulher “de fora”. Alguém acha alguma conotação com o que eu escrevi até aqui? Nas discussões que eu tenho a esse respeito, é patético ver o parvo tentar justificar o “seu amor” pelo time nacional e pelo time de casa ao mesmo tempo. Eu vejo isso como teimosia, uma vez que a única justificativa para se torcer para um time de fora do Estado é se o torcedor é oriundo daquele. É o meu caso, vindo de Goiânia e morando em Palmas.

Essa hstória de “time nacional” é uma das grandes mentiras que pregam. O bombardeio da mídia sobre a opinião pública no sentido de sedimentar essa idéia chega a ser criminosa. Enquanto isso acontece, grandes empresas ganham muito dinheiro. Sempre o dinheiro. No dia em que o “time de fora”, jogando num determinado Estado, só tiver na arquibancada a seu favor torcida do time rival do time local, aís sim, o time local vai ser grande.

Exemplos: no dia em que o Flamengo jogar contra o Goiás e só puder contar com as torcidas do Vila Nova e do Atlético Goianiense para “secar” o tim e verde, aí sim, o Goiás vai ser grande; e vice-versa. Por enquanto, é um bom coadjuvante da Série A, tal como seria o Vila também. No dia em que o Corinthians jogar contra o ABC de Natal e só puder contar com a torcida do América para “secar” o time da casa, aí sim, o ABC vai ser grande; e vice-versa. No dia em que o São Paulo jogar contra o Remo e só puder contar com a torcida do Paysandu para “secar” o time da casa, aí sim, o Remo vai ser grande; e vice-versa. No dia em que o Palmeiras jogar contra o Fortaleza e só puder contar com a torcida do Ceará para “secar” o time da casa, aí sim, o Fortaleza vai ser grande; e vice-versa; e assim por diante. Sempre que um “time nacional” jogar contra um time da casa. Por enquanto, ainda se vêem ineptos que vão para os estádios no Ceará, ou Goiás, ou Amazonas, ou Rio Grande do Norte, ou Bahia, ou qualquer outro Estado com a camisa de um “time grande” como se isso fosse uma grande vantagem. Que imbecil!

Torcedor híbrido é aquele que se contenta com pouco. Eu costumo dizer, que é o sujeito que tem orgasmos sincopados, a espaços determinados. O simplório pega a tabela dos Campeonatos Estaduais para ver quando será o meio orgasmo ou a meia brochada, quando seu “time local” ou o “time nacional” vai jogar no respectivo Campeonato, que vai ganhar ou perder ou empatar. Que isso vai ser bom para a colocação na tabela. Isso é uma parvoíce sem tamanho! E não duvido que algum párvulo birrento ainda vá querer questionar o que expus aqui. Tenha paciência!

Volto a dizer: torcida é como casamento. Não tem sentido largar a esposa por uma amante; quem come o sal junto é que conhece seus problemas de casal. E torcedor e time deveriam ser um só. Mas para alguns parece que viver aventuras é o normal. Na minha opinião, no casamento, é canalhice, simplesmente; no futebol é burrice. Só.

O Torcedor Híbrido Brechtiano

Reproduzo abaixo a conhecida definição de Brecht para o analfabeto político:

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais
.”

Parodiando o mestre, eu vou definir o torcedor híbrido. Parece piada, mas não é, não.

O pior torcedor é o torcedor híbrido. Ele não ouve, não fala, nem quer ouvir falar em imposição da vontade de outros sobre a dele. Ele não sabe que o custo da folha de pagamento do time local, seu crescimento no cenário nacional, no continental, no intercontinental, no mundial, dependem de sua decisão em definir que seu time de coração é o time da casa.

O torcedor híbrido é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que ama o time que está a centenas, às vezes milhares, de quilômetros dele. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância esportiva é que nasce o atleta explorado, o empresário ganancioso, o dirigente desonesto, a Imprensa inescrupulosa e, principalmente, o juiz safado, vigarista, pilantra, corrupto e lacaio de toda esta estrutura, que quando não é possível ao “time grande” se impor no campo, sempre acha um jeito de manipular o resultado para que o time local continue como coadjuvante, que continue levantando a bola para os times dos “grandes centros” baterem
.”

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A Herança Cultural

Sempre que explode algum caso de corrupção no Brasil, ou seja, quase todos os dias, e algum iluminado em alguma parte do país quer comparar este comportamento com o de outros países de Primeiro Mundo, logo diz: “Também, quando Portugal resolveu povoar o Brasil, só mandou para cá a ralé, só veio ladrão, enquanto a Inglaterra mandou cientistas para os Estados Unidos e bla-bla-bla...” Ou seja, nós herdamos de ladrões e vigaristas esta alma brasileira. Será?

Esta teoria é totalmente questionável. Desonestidade não é um fator genético. É um fator moral. Ou se é honesto, ou se não é. É questão de escolha. Todavia, este argumento me soa como uma forma de justificar a própria miséria moral em que o indivíduo vive. Há alguns dias vi uma reportagem em telejornal em que foi mostrada uma gravação, conseguida com autorização da Justiça, onde um empresário tentava convencer um agente executivo, municipal ou estadual, não me lembro, a desviar uma verba em favor de ambos, em que ele dizia: “Isso é dinheiro público, não é dinheiro de ninguém”.

Deus meu! Dinheiro de ninguém! Neste caso, era possível dividi-lo entre eles! Este desclassificado, certamente, não sabe que dinheiro público tem dono, sim: é o povo. E este “dinheiro de ninguém” é que deveria financiar a escola pública, a saúde pública, os programas de inclusão social, geração de emprego! E que é devido a uns criminosos como estes que milhares de pessoas passam fome todos os dias, não têm uma escola decente, um atendimento à saúde apropriado, uma moradia conveniente. Enquanto isso, estes elementos sem honra nem decência desviam esta mesma verba que poderia dar outra cara para o país.

Certamente, há um interesse enorme em perpetuar esta mentira de que somos uma sub-raça, de que herdamos a malandragem, a desonestidade, o crime, dos primeiros povoadores desta terra. Todos os dias veríamos casos de honestidade explícita, de ombridade saliente, se dessem audiência em jornais e TVs. Todavia, o que vende para o público em geral é a violência, a corrupção, a maracutaia (como gosta de dizer o Presidente Lula), tudo o que não presta, o que não acrescenta, o que não educa. De modo que o povo mal-informado e mal-educado vai assimilando isso. Não estaria na hora de o Governo intervir e exigir que, pelo menos, metade da programação das emissoras de TV e Rádio seja educativa? Que saudade de Vila Sésamo! As crianças de hoje em dia só têm Power Rangers ou DragonBall Z para ver, onde o mocinho resolve as suas diferenças no braço, em defesa do “bem”. Porém, o conceito de “bem” é muito subjetivo e, dependendo do grau de egoísmo de cada, pode gerar adultos totalmente desajustados. Aliás, é o que nós já vemos hoje em dia. A minha esperança é que a Internet possa quebrar esses paradigmas, no momento em ela abre espaço para coisas boas, muito boas, por aí. Com uma campanha maciça de incentivo à leitura, então, seria maravilhoso. E que a herança cultural que passaremos para as futuras gerações seja a da honestidade, a da correção. Sem genética, apenas exemplo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

As Lições do Mestre 1

Retomo o que comentei em Contos da Carochinha no mês passado: a idéia de Seleção Brasileira. Quem foi o melhor técnico que a Seleção Brasileira teve? Certamente, a grande maioria dos torcedores vai dizer: “Felipão!” Por que? “Porque foi ele que montou a Seleção campeã de 2002.” Alguns mais antigos talvez digam: “Feola!” Por que? “Foi ele que montou a Seleção de 1958, uma das maiores de todos os tempos, que abriu caminho para que o Brasil se tornasse uma potência no futebol.” Não duvido que outros possam até dizer: “Zagallo!” Por que? “Foi ele que montou a Seleção de 1970, a maior de todos os tempos.” Foi? Na minha opinião, o maior técnico que a Seleção Brasileira teve foi João Saldanha. A grande maioria dos torcedores vai ficar espantanda, certamente. Afinal, para ela, quem foi João Saldanha? Quando foi isso? O que ele ganhou?

Para quem não conhece, na verdade, João Saldanha foi o técnico que montou a Seleção Brasileira de 1970, a maior de todos os tempos. Todavia, todo mundo só fala em Zagallo, há um interesse enorme em dar todos os méritos para este em detrimento daquele. Apesar de tudo, em 1974, Zagalo montou a “sua” Seleção, que foi varrida pelo Carrossel Holandês de Cruijf. Uma Seleção que não tinha cara nenhuma de 1970, esta, um time que jogava pra cima dos outros. A de 1974 era uma Seleção retrancada, como sempe foi o estilo do Zagalo.

Todavia, o ensinamento de Saldanha deveria ser seguido, especialmente por técnicos de Seleção Brasileira. Vejamos a escalação do time de 1970: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Pelé; Jair, Tostão e Rivelino. Uau! Timaço! Individualmente: Félix (Fluminense), não era o melhor goleiro, Ado do Corinthians era melhor, mas uma Seleção dessas não precisava de goleiro e deve ter havido aí uma jogada política; Carlos Alberto (Santos), o melhor na posição; Brito (Botafogo) era um tanque, nada passava por ele, se passasse a bola, o adversário ficava, ou vice-versa; Piazza (Cruzeiro) era volante! Todavia era craque e o Saldanha promoveu-o a titular em lugar de outro cruzeirense, Fontana, que ficou no banco. A primeira lição do Mestre Saldanha! Everaldo (Grêmio) acabou ficando com a vaga de titular devido a uma contusão de Marco Antônio (Botafogo). Marcava muito eficientemente. Clodoaldo (Santos) era o volante habilidosíssimo da máquina santista. Se invertessem-no com o Piazza não haveria problema nenhum; Gérson (Fluminense ou São Paulo?) era o armador, o Canhotinha de Ouro, fazia lançamentos de 40 metros onde a bola parava no pé do companheiro. Só quem viu pra saber; Pelé (Santos), o Rei... sem comentários; O ataque é que é a obra-prima do Saldanha: Jair (Botafogo), o Furacão da Copa, artilheiro do Brasil, jogou como ponta-direita, mas nunca foi ponta! Era meio-campo e craque! Tostão (Cruzeiro), um dos mais inteligentes jogadores de todos os tempos, jogou como centro-avante, mas nunca foi centro-avante! Era meio-campo e craque! Tostão jogava sem bola. Quando o Jair entrava sozinho, era comum ver o Tostão num canto da telinha com dois ou três joagdores marcando. É que ele tinha levado a defesa com ele para que o colega ficasse livre. Um espetáculo! Tostão era tão técnico quanto Pelé; Rivelino (Corinthians), a Patada Atômica, jogou como ponta-esquerda, mas nunca foi ponta! Era meio-campo e craque! Inventou o elástico e era ídolo de Maradona, vejam só! O ataque era formado todo por meia-atacantes, não jogadores de ofício, apenas craques, mais três lições de Mestre Saldanha.

As Lições do Mestre 2

No frigir dos ovos, o que temos então? Seleção é Seleção, jogam os melhores, não importa a posição. Vários técnicos através dos tempos cometeram bobagens e mais bobagens e, no entanto, são tidos como “grandes” por todo mundo. Exemplo? Telê Santana. Sim! O grande Telê, em 1982 e 1986, não convocou o Renato Gaúcho, o melhor ponta-direita do Brasil, simplesmente porque “o Renato não tem postura de jogador de futebol fora de campo.” Nem é preciso dizer a falta que ele fez. Outro grande injustiçado pelo Telê foi Zenon, maestro do Corinthians naqueles tempos. Poderia ter substituído o Zico, detonado fisicamente, em 1986. Ninguém se lembra disso. Mas também, lembrar para que? O próprio Felipão não convocou o Romário para 2002, o que considerei e ainda considero um erro. A Seleção foi campeã e ninguém mais fala nisso. Porém, se não ganhasse?

Houve época no final da década de 1970 ou início da de 1980 em que o Mário Sérgio estava arrebentando no Botafogo, mas não era convocado para a Seleção por que era conhecido pela conduta nada ortodoxa fora dos campos. Noitadas, mulheres, bebida... acho que era isso. O próprio Mário Sérgio reconhece hoje que fez muitas bobagens naquele tempo. Todavia, era um craque.

Então, o Saldanha era comentarista esportivo numa rádio do Rio de Janeiro. Perguntado se o Mário Sérgio devia ser convocado, o Mestre disse uma frase antológica: “O Mário Sérgio não serve para casar com a minha filha, mas é titular absoluto na minha Seleção!” Fantástico! Aí está o maior ensinamento que se pode apreender de um verdadeiro professor de futebol: não se misturam assuntos pessoais com profissionais! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! A partir disso é que eu critico, ainda que uma voz clamando no deserto, o “mestre” Telê, a quem eu culpo (!) pelas perdas das Copas de 82 e 86, a Zagallo pela perda de 1974, a Parreira pela perda de 2006 (no jogo anterior àquele com a França nas quartas-de-final, a seleção de “reservas” jogou infinitamente melhor que a dos “titulares” e o Parreira insistiu em colocar os “cacos” em fim de carreira para enfrentar a poderosa França!).

Ou seja, jogam os melhores. E hoje, em função de “esquema tático” muitos treinadores colocam cabeças-de-bagre em campo e deixam, muitas vezes, ótimos jogadores mofando no banco. Coisas de futebol, poderiam dizer. Não acho. Não precisa ser muito inteligente para ver que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, como o próprio Saldanha disse, repetindo uma passagem conhecida de Hamlet, de Shakespeare. Ou seja, forças ocultas trabalham para que o Brasil continue sendo o maior celeiro de jogadores do Mundo, mas sem ganhar títulos. Enquanto muita gente ganha dinheiro, muito dinheiro. O Brasil tem capacidade para ganhar uma Copa a cada duas ou três, mas...

Assim, Renato Gaúcho, Zenon, Mário Sérgio, antes, e o Alex, do Fenerbahçe, hoje, vão passar para a História como grandes injustiçados. E grande parte da Mídia prefere endeusar a quem não merece em função do dinheiro, muito dinheiro, que ganham mantendo o torcedor médio em estado de beatitude que se desfaz a cada perda de Copa do Mundo, de Taça Libertadores, de Copa das Confederações, etc... Sinceramente, da mesma forma que a Seleção merece os melhores jogadores, também merece o melhor técnico, a melhor Imprensa, etc..

terça-feira, 8 de julho de 2008

Lutero e a Liberdade de Pensamento 1

A Reforma Potestante teve um papel importantíssimo na História. Qualquer pessoa poder questionar as “verdades” que aparecem na Bíblia, principalmente, possibilitou que a Humanidade desse um salto gigantesco, especialmente nas Ciências. Não custa lembrar que, pelo fato de dizer que a Terra girava em torno do Sol, Galileu quase foi condenado à fogueira. Afinal, está escrito na Bíblia que Josué parou o Sol, do que se deduz que o Astro-Rei gira em torno de nosso planeta. E algumas seitas defendem que isso foi obra da Igreja Católica!

Todavia, não custa ver que isso é simplesmente idéia de quem defende a Bíblia em seus fundamentos, não da Igreja Católica, cujo pensamento evoluiu e já aceita as conquistas da Ciência como fato, e tenta adaptar a Bíblia a estes fatos incontestáveis, e não o contrário. Ou seja, o responsável por aquelas perseguições e matanças, das quais a própria Bíblia está recheada, é o próprio homem, não determinada facção ou seita. No entanto, vemos ainda nos dias de hoje pessoas que querem que a Ciência se adapte a este livro, importante sim, mas longe de ser A palavra de Deus. Uma delas, sim. Muito do que está escrito ali nada tem a ver com o Deus Pai pregado por Jesus. E a Ciência prova a cada dia que a Bíblia erra, e erra muito!

Quem concebe hoje que o Sol gira em torno do Sol? Ou que toda a Humanidade derivou apenas de um casal? Ou que todas as espécies de animais sobre a Terra couberam em uma arca de 300 metros de comprimento? E não existe espaço de tempo que contemple todos estes acontecimentos. Dizem que os dias de Deus equivalem a mil anos (está escrito em algum lugar isso), o que explicaria a existência dos dinossauros e todos aqueles animais que habitaram a Terra. Todavia, se se aplicasse este argumento, ainda assim teríamos uma Terra com 14 mil anos! Onde se encaixam todas as idades da Terra neste tempo? Pois bem, os fundamentalistas cristãos, que defendem a inerrância da Bíblia querem me fazer crer que aquilo e isto tudo realmente aconteceram!

A Reforma veio para quebrar todas as formas de tirania às idéias dos homens. Lutero disse que cada pessoa poderia ler os Evangelhos e a própria Bíblia e, ao pedir a ajuda do Espírito Santo, este o auxiliaria na interpretação dos textos sagrados. E após todos estes séculos, desde que Lutero nos deu a possibilidade de dispensarmos qualquer intermediário (entenda-se por padre ou pastor) para nossa comunicação com a Inteligência Suprema (Deus, se quiserem), aqueles que se dizem os herdeiros do Reformador protestante é quem mais impõem amarras ao livre pensamento. É comum vermos alguns adeptos de seitas protestantes tentando impor a outros sua forma de pensar como sendo “a verdadeira” forma de interpretar a Bíblia. E se você diz que pediu a orientação do Espírito Santo e este o orientou de outra maneira, dizem que foi o Diabo que o tentou. E só se dão por satisfeitos se você abraça a sua forma de pensar. Chega a ser infantil tal idéia.

Lutero e a Liberdade de Pensamento 2

Historicamente, sabe-se que Tiago Maior e Paulo divergiram praticamente a vida toda na forma como conduzir a Igreja nascente. Enquanto o primeiro defendia uma Igreja mais voltada para os judeus, adotando, inclusive, alguns ritos judaicos na Igreja de Jerusalém, Paulo a queria totalmente independente da doutrina judaica, uma vez que, em sua opinião, a Mensagem veio para o Mundo todo, não só para os judeus. E não há como dizer que não fossem inspirados pelo Espírito Santo, uma vez que ambos foram santos, apóstolos escolhidos por Jesus por suas qualidades, e que, no entanto, tinham posições diferentes. Tal como acontece hoje em termos de opinião a respeito de Religião. Um dogma que serve para uma pessoa pode não servir para outra.

Há tempos que o Catolicismo abandonou várias idéias que amarraram o progresso da Humanidade através dos séculos. E hoje, o que vemos são os herdeiros de Lutero defendendo as mesmas idéias que atrapalharam este progresso, simplesmente porque tal ou qual coisa não está escrita na Bíblia. Assim, é comum vermos gente defendendo a Teoria Criacionista, que não condiz com a Suprema Justiça, pregada por Jesus como um dos atributos de Deus. Afinal, se só temos uma oportunidade para alcançar a salvação, como responder a perguntas como: porque uns nascem ricos, outros pobres? Alguns inteligentes, outros estúpidos? Alguns em uma família evangélica (o que presume metade do caminho para a salvação asfaltado), outros em famílias católicas ou espíritas (entre os cristãos) ou budistas, ou muçulmanas ou de outra Religião qualquer (o que presume, para os fundamentalistas cristãos, um caminho muito mais acidentado para conseguir a salvação)? Alguns saudáveis, outros cravados de moléstias? Como conciliar a Justiça Perfeita com oportunidades tão díspares de se conseguir o Céu? E pior ainda, se você não se encaixa na crença “correta”, você está condenado ao fogo eterno! Sinceramente, é muito para minha cabeça.

Calvino, um pensador protestante, cujas idéias deram origem ao Calvinismo, muito importante nos séculos XVI a XVIII em toda a Europa, já havia identificado na Bíblia dois deuses muito diferentes: o Deus de Israel, belicoso, parcial, violento e impaciente, e o Deus de Jesus, infinitamente justo, misericordioso, tolerante, amigo, etc.. Um pensador protestante... E o que vejo são seitas protestantes que só falam no Deus de Israel, no Senhor dos Exércitos e outros epítetos que remetem ao enfrentamento, à violência, à intolerância... Não custa lembrar que vai em curso uma campanha de discriminação de determinadas facções cristãs contra os homossexuais. No entanto, enquanto cidadãos, muitos dos homossexuais que conheço são muito melhores, mais honestos, mais corretos que muitos protestantes por aí. Especialmente em política... Mas isso é assunto para outro dia.

Este assunto ainda daria muito pano para manga, mas vou parar por aqui. Conforme costumo dizer para as pessoas de minhas relações, amigos e colegas de trabalho principalmente, eu apenas observo e aprendo. E talvez retome este tema no futuro.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Scaramouche

Citei anteriormente vários livros que eu reputo agradáveis e com conteúdo e que acho deveriam ser lidos por todos. Deixei de citar este que dá título ao texto. Scaramouche é um romance histórico de ficção, escrito por Rafael Sabatini na primeira metade do Século XX, e se passa durante a Revolução Francesa. Posso dizer que um dos mestres em que me espelhei para escrever meus dois livros foi exatamente este.

Scaramouche conta a história de André Luis Moreau, advogado de um fidalgo (!) da pequena nobreza francesa pouco antes do início da Revolução. Cético, o rapaz não se ilude com as promessas de liberdade, fraternidade e igualdade feitas pelos correligionários revolucionários do clube de Literatura de Rennes. Todavia, ao ver seu melhor amigo, Vilmorin, ser assassinado pelo mais poderoso fidalgo da França, resolve empunhar a bandeira do amigo, ainda que sem convicção. E, segundo o texto, acaba tornando-se o principal instrumento nas mudanças que aconteceram. Interessante notar que todos os personagens anônimos que tiveram papel fundamental na Revolução teriam sido o próprio André Luis.

Para sobreviver, perseguido pela polícia do rei, o jovem se une a uma trupe de atores saltimbancos (reconheço que aproveitei esta idéia em O Visitante, mas foi só), onde se torna ator e roteirista. Após vários tropeços, o moço acaba tornando-se auxiliar de espadachim numa academia e a herda quando o dono, de quem se tornara amigo, morre numa manifestação. Nesta altura, a Revolução já vai de vento em popa e, ao tornar-se deputado, a convite de Danton, na Assembléia Constituinte que deveria implantar uma Monarquia Constitucional e salvar a França do desastre, mas que não chegou a vingar, ele tem a oportunidade de enfrentar o velho rival, assassino do amigo em duelo, cujo desfecho é surpreendente. Neste meio tempo, ele tem a espinhosa missão de salvar a amiga de infância e amor de sua vida das garras dos revolucionários. Aline é uma aristocrata. Para tanto ele teria de trair os ideais da Revolução, que acabara por abraçar. No entanto, um diálogo inesperado no final do livro lança dúvidas sobre os verdadeiros intentos daqueles que comandavam a Revolução: “Acreditas realmente que a turba pode viver sem um Governo?” Afora estas, várias outras citações permeiam o livro. Certamente, um dos melhores romances que já li.

Convém dizer que, infelizmente, Hollywood conseguiu estragar uma história fantástica. Estrelado por Stuart Granger, fisicamente um André Luis perfeito, o roteirista conseguiu transformar o astuto e perigoso intrigante Scaramouche num mero espadachim, preocupado unicamente em vingar o amigo num duelo vazio, quando o objetivo do Scaramouche literário era mover toda a máquina chamada Revolução para esmagar o inimigo.

A última edição que conheci de Scaramouche foi pela Coleção Paratodos nos anos 1980, eu creio. Quem se interessar, procure-o nos sebos. Posso garantir que não há de se arrepender.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ingrid

Não quero ser repetitivo. Afinal de contas, o assunto de hoje pelo Mundo afora é a libertação da ex-candidata à Presidência da Colômbia, Ingrid Bétancourt, depois de seis anos em poder das Forças Aramadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Porém, seis anos é um bocado de tempo. Remeto-me a 2002 e lembro que O Visitante só iria ser editado em outubro daquele ano. Depois disso, ainda escrevi A Batalha de Poitiers. É bastante tempo. É inconcebível que uma facção, armada ou não, queira assumir ares de legalidade mantendo um ser humano ( no caso das FARC são mais de 700!) em cativeiro com o argumento de que se trata de prisioneiro de guerra.

Vi pela TV o reencontro de Ingrid com os filhos ainda a bordo do avião da Força Aérea Francesa, que os trouxe de Paris até Bogotá. Certamente, simpatizantes das FARC dirão que a televisão simplesmente explorou a emoção do povo numa jogada de marketing contra a guerrilha. Não vi desta maneira. Realmente, o que vi foi o reencontro emocionado de uma família separa brutalmente por um ato de força de um grupo de pessoas que acham seu ponto de vista de mundo melhor que o dos outros e querem impor este ponto de vista a ferro e fogo.

Pergunto-me se existe algum senso de humanidade em pessoas como estas. Existe desculpa para se separarem mãe e filhos em nome de uma “causa justa”. Que causa justa é esta que impõe a dor a uma família inteira? Estes elementos se diferenciam daqueles que sequestram nas cidades em troca de dinheiro? Afinal, este era um dos outros objetivos das FARC. Arrecadar dinheiro com resgates, além de usar os reféns como escudos humanos contra possíveis operações militares contra eles.

Justiça presume retidão, a César o que é de César, não pagar além do que se deve. E eu pergunto:que dívida esta mãe tinha com estes homens? Dizer que a dívida seria do Governo colombiano não implica o uso de pessoas para cobranças. Depois, que dívida o Governo colombiano tem com estes senhores? Um Governo eleito pelo povo, com aceitação de sua esmagadora maioria não pode ser considerado ilegítimo. Então repito a pergunta? O que Ingrid Bétancourt ou a Colômbia deve para estes senhores? Se o julgamento cabe à História, seria hora daqueles que acreditam em soluções violentas para seus problemas, repensarem suas posições. Sejam agentes, sejam simpatizantes, com certeza a História cobrará de suas memórias as dívidas que tenham contraído com a evasiva de que lutavam por uma sociedade mais justa. Sociedade que desrespeitaram com cada ato de excessão que cometeram.

O Vírus da Terra

A Terra está doente. Os sintomas são evidentes. Tal como o corpo humano quando enfermo apresenta sinais de debilitação, o mesmo acontece com o planeta. Um ser humano espirra, tosse, contorce-se, fica febril, muda de posição na cama em busca daquela que menos lhe incomoda, etc..

Antes da tragédia na Indonésia, quem antes tinha ouvido falar em tsunami? De repente, esta palavra totalmente oriental passou a fazer parte do nosso vocabulário diário. Projeções foram feitas para saber o que aconteceria com as cidades litorâneas de determinados países caso uma tsunami gigante os atingisse.

Erupções gigantescas já são notícia freqüente. O Pinatubo, nas Filipinas, expeliu toneladas e toneladas de poeira na atmosfera, ao ponto de comprometer durante alguns anos até mesmo visibilidade de aeronaves no Mundo, inclusive no Brasil! Eu sou testemunha disso. E que dizer do Santa Helena? A montanha que era o vulcão praticamente desapareceu, varrida por toneladas e toneladas de lava. E os cientistas sabem que o Parque Yellowstone, nos Estados Unidos, é simplesmente um supervulcão, coisa pouco conhecida até hoje, mas que estudos dizem tratar-se da maior manifestação da Natureza na Terra, podendo até ameaçar a sobrevivência do Homem.

O degelo do Ártico é evidente. A cada ano, quilômetros e quilômetros quadrados de geleiras desaparecem devido ao aquecimento global. Calcula-se que, caso a calota polar derreta, o nível dos oceanos subirão em média 12 metros. Em média, porque, devido à rotação da Terra, em alguns lugares as águas poderão subir mais ou menos que isso. E o termo calota se aplica porque trata-se quase totalmente de água congelada flutuando sobre água líquida. Já a Antártica é um continente, formado de rocha como os outros, só que coberto de gelo. Além disso, o derretimento do Ártico poderia retificar o eixo da Terra, atualmente inclinado em relação ao plano do Sol em aproximadamente 23 graus, com conseqüências imprevisíveis.

Quando o corpo humano fica doente, geralmente o agente causador é um vírus. O organismo reage na tentativa de expulsar esse vetor. oOs organismos de defesa começam a agir e o resultado é o aquecimento do corpo na forma de febre. Por fim, com o vírus destruído, tudo volta a funcionar normalmente.

Com a Terra não é diferente. Enquanto o “vírus” esteve agindo impunemente, aparentemente nada aconteceu. De repente, “espirros”, “tosses” e “febre” indicam que a nave-mãe está reagindo enfim. Erupções, tsunamis e aquecimento global mostram que os organismos de defesa estão em ação. E esse vírus chamado Homem não toma jeito! Será que não vemos que o fim disso tudo é a destruição? Eu creio perfeitamente que uma Inteligência Superior (dêem o nome de Deus, se quiserem) vela pela “saúde” desse nosso planeta. E não duvido nem um pouco que, se estiver em Seus planos, essa especiezinha prepotente e idiota poderá mjuito bem ser eliminada e substituída por outra mais bem preparada em milênios vindouros. Tempo não é problema...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Gosto não se discute?

Existem milhares de ditados populares. Qualquer um é capaz de citar algum em alguma ocasião para justificar determinado fato ou atitude. E algumas pessoas tomam ditados como verdades absolutas sem notar que vários deles até se contradizem. Senão, vejamos: “Quem chega antes bebe água limpa” é um elogio à agilidade ou à presteza; por outro lado “Quem espera sempre alcança” ou “O apressado come cru” é uma crítica a esta mesma presteza e um elogio à paciência. Qual dos dois está com a razão? Quem pode dizer?

Um dos mais questionáveis adágios populares é exatamente “Gosto não se discute”. Todavia, é claro que gosto se discute, sim! E por que se questiona?

Gosto pessoal está ligado a valores. É comum uma mulher bela estar com um namorado que para os padrões estabelecidos não é nada atrativo. A pergunta comum é “o que é que aquela gata viu naquele bagulho?” Oras, quem deve saber é ela! Ninguém está junto para saber. Concordo (por experiência própria) que, às vezes, uma pessoa se une a outra por puro entusiasmo, mas quando é possível escolher com isenção, acaba optando por alguém que se encaixe num padrão que lhe é interessante. Exemplo? Determinado craque de futebol. Que me desculpem os admiradores do craque (eu também admiro o craque), mas é um boçal. Não tem a mínima noção de respeito, principalmente pela pessoa com quem está. E, convenhamos, não fosse pelos milhões que tem é totalmente improvável que tivesse tido tantas mulheres belas como teve. E por que isso? Pela ausência de valores. O sujeito só ganha dinheiro, mais nada. Crescimento financeiro altíssimo, crescimento moral nulo. O mesmo se aplica para a mulher que se dispõe a aparecer ao lado dum estúpido desses. Apenas pelos holofotes. Acho que acaba se equivalendo a ele.

Este preâmbulo é para introduzir outra discussão que eu aprecio: música. Eu trabalhei em rádio por 17 anos, de 1977 a 1993. Passei por algumas boas fases da música brasileira. Eu mesmo fui criado, como gosto de dizer, “à sombra dos festivais”. Eu amo MPB, mas ouço muito mais música internacional pelo desafio de entender a mensagem da canção em outro idioma. Assim, junto à bagagem cultural que adquiri em anos de leitura, acrescentei o gosto por música de qualidade. Analisando tudo que aprendi na vida é que cheguei à conclusão que expus no início do texto. Gosto se discute, sim.

Para o indivíduo que sobe na escala intelectual e cultural, coisas do tipo “nóis vai, nóis foi” cada vez agrada menos. Bem como, “sacode a bundinha, joga as mãos pra cima, dá uma olhadinha...”

Deus meu! Quanta baixaria! Quanto vazio! Quanta falta de sutileza! O nível da “música” está tão baixo que o que era considerado brega há vinte ou trinta anos atrás, hoje é considerado cult! Odair José, Márcio Greick, José Augusto, Fernando Mendes... E, hoje, pode-se dizer que tiveram seu papel (importante) na formação da juventudade daquela época e é até gostoso ouvi-los hoje. Mas o material que a atual “música” brasileira apresenta hoje é um pesadelo!

É inconcebível alguém com alguma estatura moral gostar de alguma coisa do tipo “vou pescar que nada, vou beijar na boca...” A letra desta coisa diz de um sujeito que fala para a esposa que vai pescar, mas que, na verdade, vai vadiar, trair a própria mulher. Qual o perfil de alguém que ouve, canta, compra uma escória destas? Afinal, a proposta da música é uma canalhice. Baseado em valores morais, um homem que se dispõe a fazer uma coisa dessas é um canalha. Por outro lado, uma mulher que ouve e acha graça num lixo destes é muito à-toa! Ambos, homem e mulher, estão predispostos a fazer o que a “música” propõe a qualquer momento, desde que haja ocasião. Por que? Por falta de valores.

Sobre outras canções algumas pessoas me dizem coisas como “mas tem uma letra bonita, é uma música romântica”. A estas eu tento fazer entender o seguinte: música de qualidade tem de ter mensagem, além de melodia, além de uma letra trabalhada,etm deter perenidade. Música deve fazer bem ao coração, mas para pessoas cultas e inteligentes, deve dizer alguma coisa ao intelecto. E é fácil ver quando a “música” só tem apelo comercial. Para várias destas pessoas eu apenas digo: “Tá bom, me diz (sic) o grande sucesso de Bruno e Marrone (ou Rio Negro e Solimões, ou César Menotti e Fabiano, qualquer um serve) do ano passado?” É engraçado ver como essas pessoas se confundem simplesmente porque eram APENAS “MÚSICAS” COMERCIAIS, SÓ PARA VENDER, nada mais. Ninguém se lembra daquilo, mas o que está tocando hoje todo mundo sabe!

Querem uma letra bonita?

Olhando um dia de chuva
Vi que mais triste era eu
Que sem estrela e sem Lua
Te procurava no céu.
Fiz do piano, a viola
Fiz de mim mesmo, o abrigo
Fiz da verdade, uma história
Fiz do meu som, meu amigo.

São os primeiros versos de Piano e Viola, Taiguara. E quem sabe quem é Taiguara? Quem cresceu à sombra dos festivais, sabe...

sábado, 28 de junho de 2008

Informação, Controle e Educação

A informação é a base de qualquer dominação. O controle da informação é sinônimo de poder. Naturalmente, governos que a controlam podem impor suas idéias e programas. Qualquer regime ditatorial ou oligárgquico ou absolutista de qualquer natureza sempre fez do controle da informação a base de sua dominação. Assim, pode-se dizer que um povo desinformado é totalmente vulnerável a esta. E uma forma de manter o povo sem informação é negar-lhe o direito à Educação. Desta forma, políticas pseudo-educativas são a chave para manter o povo sem informação.

No Brasil, desde sempre, as classes dominantes implantaram um sistema de sub-educação, ou seja, ao povo basta que saiba escrever o nome que o indivíduo aparece nas pesquisas como “alfabetizado”. Por exemplo, desde que a pessoa possa digitar meia dúzia de algarismos para sacar seu benefício do INSS ou do Bolsa-Família, já é o suficiente. Até o Governo Fernando Henrique, esta tem sido a política adotada. Não vi ainda no Governo Lula indícios de que a prática possa vir a ser mudada, apesar da louvável iniciativa do Poder Federal de tentar despertar o gosto do jovem pela leitura. E como já disse antes, a leitura é base de qualquer educação. Porém, acredito que o melhor caminho para isso é aquele que tracei em comentários anteriores.

Até o início da década de 1970, o ensino público era muito mais valorizado. Aluno que não tinha gabarito para passar de ano em escolas públicas era levado para a escola particular, onde o ensino era péssimo e os pais pagavam altas mensalidades, mas que garantiam a passagem do menino ou menina para a série seguinte. A reforma educacional promovida pelo Governo Federal em 1971 fez com que, gradualmente, o ensino público ficasse cada vez mais deficiente, enquanto se formavam fortes grupos de ensino sem muito compromisso com a educação, que ganhavam muito dinheiro e contratavam os melhores professores oriundos das escolas públicas.

Lamentavelmente, o que se vê hoje é um “ensino” voltado para a decoração de “macetes” para “matar” os exercícios do vestibular. Ninguém está preocupado em ensinar nada. Em meu último ano como educador, vendo a dificuldade dos alunos numa matéria como Física, resolvi ensinar a partir de experiências em sala de aula em apoio ao material didático. De forma que não cumpri a meta de onze módulos do ano, chegando, quando muito, até o nono módulo. Naturalmente, fui despedido. No entanto, no ano seguinte, já fora de sala de aula, encontrei dois ex-alunos que me disseram: “Poxa, Rogério (era meu nome de guerra), por que você saiu? O “cara” que entrou no seu lugar não ensina nada, só joga matéria no quadro e não quer nem saber se a gente aprendeu. Mas até hoje eu lembro de todas as fórmulas de Ótica que você ensinou.” Sinceramente, este foi o maior troféu que recebi em minha experiência como professor e vi que este é o caminho. Basta que exista boa vontade de educadores e planejadores que o Ensino Público ainda pode dar certo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Xadrez Escolar

Eu acho a leitura a pedra fundamental de todo aprendizado. Desenvolve a imaginação, enriquece o vocabulário e incrementa a bagagem cultural. Todavia, uma poderosa ferramenta paradidática é o xadrez. Vários países da Europa adotam este esporte como tal. Por outro lado, quando se fala em xadrez, pensa-se logo nos países da antiga Cortina de Ferro, como se apenas estes tivessem programas de ensino de xadrez nas escolas. Ledo engano. Países como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra têm programas semelhantes. Baseados em estudos aprofundados de Binet, Krogius e mesmo Piaget, há muito que estes países já descobriram as virtudes desta arte/ciência/esporte como ferramenta de apoio ao ensino.

O Xadrez pode ser ensinado já nos primeiros anos da vida escolar da aluno. Por volta dos cinco anos a criança já tem capacidade para aprender os movimentos das peças. Com o tempo, caso mostre aptidão e interesse, a criança pode se aprofundar na atividade e participar de torneios promovidos por clubes e Federações. O Xadrez desenvolve a iniciativa, pois a criança é levada a tomar suas próprias decisões, uma vez que é esporte individual. Mas também o espírito de equipe, uma vez que, em torneios internos, seja em torneios na escola, seja em intercolegiais, seja em intermunicipais, seja interestaduais, a criança aprende a ter orgulho de representar sua sala, ou seu colégio, ou sua cidade, ou seu Estado. Desenvolve a personalidade, já que o garoto ou garota aprende com os próprios erros, que a vida é feita de vitórias, mas de derrotas também, que contribuem para a formação do caráter. Desenvolve a noção de respeito, porque é um esporte eminentemente de cavalheiros, onde os jogadores sempre se cumprimentam no início e no final das partidas. Desenvolve um bom círculo de amizades, pois o esporte, qualquer que seja, tem esse dom de agregar as pessoas em torno de uma causa que as una.

Várias entidades têm programas específicos de incentivo à pratica do Xadrez nas escolas que são basicamente idênticos. Entre elas destacam-se a Academia Brasileira de Cultura e Xadrez, da qual sou membro fundador, ocupando a cadeira 20 que tem como patrono o ex-campeão mundial Tigran Petrosian. Outras entidades são a Federação Paulista de Xadrez, bem como a Federação de Xadrez do Estado de Goiás, da qual fui vice-presidente técnico e Secretário Geral por mais de dez anos. Atualmente, sou membro do Conselho Fiscal desta entidade. No Brasil, o órgão gerenciador do Xadrez é a Confederação Brasileira de Xadrez.

Várias personalidades foram ou são praticantes do Xadrez através dos tempos. Uma delas, Wolfgang Goethe, um dos maiores dramaturgos da Alemanha, no Século XVIII definiu o Xadrez como “a pedra de toque do intelecto”. Peter Pratt o definiu como "a ginástica da mente". Uma afirmação bastante verdadeira, já que, da mesma forma que um músculo atrofia por falta de exercício físico, o cérebro também se debilita com a falta de atividade. E o Xadrez é um dos poucos esportes que podem ser praticados até o fim da vida, sem contra-indicações. Um exemplo é Viktor Korchnoi, duas vezes vice-campeão mundial na década de 1970, ainda um forte grande mestre, com quase 80 anos de idade! Bem como fortíssimos jogadores de 11 ou 12 anos! Magnus Carlsen, norueguês, hoje o segundo jogador do ranking mundial tem 17 anos! Alguma pergunta?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Para Quem Gosta de Ler

Quando eu tinha apenas O Visitante editado, uma história esparramada por 580 páginas, muita gente me perguntava: “Por que você não escreve um livro mais fino? Esse é muito grosso, as pessoas têm preguiça de ler um livro assim. Dá até preguiça só de olhar.”

Pois bem. Eu sempre gostei de ler. Não era a espessura de um livro que me intimidava. Não fosse assim e eu jamais teria iniciado Memórias de um Médico, de Alexandre Dumas, filho, ou a saga dos Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, pai, ou mesmo Rocambole, de Ponson de Terrail. O primeiro tem cinco volumes, um deles (A Condessa de Charny) com mais de 660 páginas; o segundo tem sete volumes, sendo que o segundo (Vinte Anos Depois) é uma das mais espetaculares histórias de aventura já escritas (pouca gente sabe que a aventura do Máscara de Ferro é apenas uma parte dessa história) tem mais de 500 páginas; por fim, o terceiro é uma saga de aventura contada ao longo de oito volumes (o termo rocambolesco vem daí).

A justificativa dessas pessoas era que um livro menos denso teria um público maior, porque “todo mundo” o compraria. O que é uma bobagem. Uma pesquisa feita há alguns anos por uma revista (não me lembro qual: Isto É, Veja, Época, não sei) concluiu que os leitores, aqueles que têm realmente o hábito de ler, pelo contrário, preferem livros volumosos, uma vez que, quando a história é agradável, eles querem prolongar ao máximo a convivência com aqueles personagens. E a reportagem cita livros nada modestos como Pássaros Feridos (muito bom!), de Colleen McCullough, e O Catador de Conchas (que eu não li), de Rosamunde Pilcher, este com mais de 1000 páginas!

O Brasil é um país muito grande, mas que lê pouco. E, do ponto de vista puramente comercial, obviamente livros como O Doce Veneno do Escorpião, diário da Bruna Surfistinha, ou Seo Crêisson, Vídia e Óbria, da Turma do Casseta & Planeta (nada contra os rapazes, com cujo programa eu me divirto muito nas noites de terça-feira, mas aquilo não é Literatura) têm um apelo muito maior, uma vez que se pode “ler” e depois mandar para a reciclagem de papel ou coisa que o valha. Uma vez que este é o fim que a maior parte da população brasileira dá para qualquer livro, ainda que seja um bom livro.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Batalha de Poitiers

A Batalha de Poitiers ganhou o prêmio Hugo de Carvalho Ramos, principal concurso literário de Goiás, em 2003, promovido pela União Brasileira de Escritores – Seção Goiás, e patrocinado pela Prefeitura Municipal de Goiânia. Fato interessante é que eu o escrevi para inscrevê-lo no prêmio Cora Coralina do mesmo ano, promovido pela Agência Cultural do Estado, e a idéia de colocá-lo na disputa pelo Hugo foi tomada de última hora por sugestão de meu amigo escritor Itamar Pires, uma vez que eu não tinha a mínima esperança de ganhá-lo. A Batalha foi escrito entre 18 de abril e 9 de junho de 2003, tempo relativamente curto para uma obra tão densa, diminuído por dois dias em que não escrevi nada por falta de inspiração e outros dois em que fui a São Paulo para ser entrevistado pelo Jô.

Historicamente, a primeira batalha de Poitiers foi aquela em que Carlos Martel barrou o avanço dos sarracenos sobre a Europa no ano de 732. O livro é um romance de ficção, apesar do uso do fato histórico como alicerce. A primeira parte da história acompanha a queda de Carcassonne, fortaleza franca no sul da atual França no ano de 725. A segunda parte segue a expectativa da sociedade franca diante do confronto inevitável. Finalmente, a última parte observa a evolução da batalha nos arredores da cidade de Poitiers, a meio caminho entre Paris e a fronteira espanhola. Em todo esse contexto está encravado um triângulo amoroso, a crença no poder místico da Divindade e na igualdade entre os sexos, em contraposição ao pensamento patriarcal e misógino da sociedade cristã nascente, e cujos reflexos observamos até os dias de hoje.
A Batalha de Poitiers tem nota introdutória do Professor Heleno Godói, Doutor em Literatura, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade Católica de Goiás, capa e editoração gráfica de Itamar Pires, mapas e ilustrações de minha autoria, 340 páginas e foi editado em julho de 2007.

Trecho de "A Batalha de Poitiers"

Por duas semanas, Carlos, com os filhos, Caribert e mais meia dúzia de auxiliares, percorreu uma parte da fronteira da Austrásia com a Aquitânia. Desceu até Orléans, depois Blois até Tours. A igreja de São Martinho deveria ser o principal alvo do exército sarraceno. Era a mais rica igreja da Gália, recebendo doações de todas as partes em função da devoção ou das graças recebidas.
Carlos imaginou que seria ali a trajetória dos sarracenos e desceu o caminho em direção a Poitiers, ao mesmo tempo em que estudava o terreno. Ao cruzarem o rio Vienne, parou por um instante. Apesar de conhecer muito bem o território franco, aquela região não lhe era totalmente familiar.
Era um planalto limitado pelos vales dos rios Vienne e Clain. Um terreno espaçoso, mas ao mesmo tempo suficientemente estreito para impedir a expansão da cavalaria sarracena, tática que dera a vitória aos muçulmanos em todas as batalhas anteriores. Carlos desmontou e com ele todos os seus acompanhantes. Com um sinal apenas ordenou que todos ficassem ali e andou pelo terreno amplo, ao sul do qual havia um bosque.
Carlos admirava a paisagem aberta como se já a visse cheia de homens armados, prontos para atirarem-se uns contra os outros. No íntimo já sabia que sua busca terminara. Seria ali que o futuro de toda a Cristandade decidir-se-ia. E ele estaria à cabeça das forças cristãs, antepondo a verdade de sua religião contra uma outra verdade. Quem venceria? Nem mesmo ele saberia dizer.
Apesar de tudo, nem sempre uma infantaria resiste a um ataque montado. Carlos arriscava sua sorte e de todo o seu povo numa estratégia arriscada. Mas não tinha alternativa. Sua cavalaria não conseguiria fazer frente aos árabes. Agachou-se, pegou uma pedra do chão e olhou-a longamente. Depois acariciou a terra como a tentar arrancar dela seus segredos e sua força. Olhou o curso do rio Clain e caiu em funda meditação. Praticamente teriam de assistir à queda e ao saque de Poitiers sem reagir. Mas seria como entregar um dedo para não perder a mão.
Depois de mais de meia hora, deu-se por satisfeito e retornou para junto dos seus.
― Senhores, será este o lugar. Seja o que Deus quiser.
Montaram e deram meia volta. Paris estava longe e ele ainda teria de reunir seu exército. Em Tours, um correio alcançou-o com uma notícia deplorável. Depois de uma resistência heróica, finalmente Bordeaux caíra nas mãos dos sarracenos e fora totalmente saqueada. Parte da população que não fugira a tempo fora aprisionada e escravizada. Carlos sentiu uma raiva imensa. Afinal, os aquitânios eram tão Francos quanto ele mesmo. Mas como cabeça de seu povo deveria esperar pela hora certa de recobrar o que fosse possível.
Martel chegou a Paris três dias depois. Em nome de Theuderico IV publicou a convocação e a distribuiu aos arautos para anunciarem-na pelos quatro cantos do Reino. Era uma questão de sobrevivência e de liberdade.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Visitante

Já citei os dois livros que escrevi e faço agora a apresentação do primeiro.

O Visitante foi escrito entre 6 de outubro de 1996 e 23 de dezembro de 1998. Obviamente, num espaço de tempo tão extenso, o texto sofre um pouco de falta de continuidade. No entanto, ainda assim, o livro venceu a Coleção Karajá do ano 2000, concurso (que, lamentavelmente, não existe mais) promovido pelo Instituto Goiano do Livro (IGL) da Agência Goiana de Cultura do Governo de Goiás. A premiação foi a publicação de mil exemplares, dos quais 600 couberam a mim e os restantes foram distribuídos pelo IGL para Bibliotecas e Instituições Culturais pelo Brasil. Caso eu venha a fazer uma segunda edição, a intenção é corrigir as pequenas falhas.

A trama começa em Londres em 1994, quando Robert, um atendente de Tribunal, estudante de Direito e piano, tem uma crise em seu relacionamento com a namorada e conhece um certo Mr. Evans, antiquário de meia-idade muito misterioso, que lhe empresta um prisma de cristal, além de enviar-lhe um livro muito antigo e uma roupa de camponês da Renascença. Depois de uma experiência algo sobrenatural na Galeria Nacional de Retratos, um museu de Londres, ele segue o roteiro que Mr. Evans lhe manda e acaba sendo transportado (fisicamente? mentalmente?) para a Londres de 1559, justamente no início do reinado de Elizabeth I. Tendo de sobreviver num ambiente totalmente diferente daquele em que sempre viveu, Robert se une a uma trupe de atores saltimbancos e acaba se tornando menestrel na Corte de Elizabeth.

Transcrevo parte do texto da orelha do livro, de autoria de meu amigo escritor Itamar Pires: Aquela é a época conturbada em que encontraremos um certo Robert de Harrow. Sua vida não é fácil. Ele é um sujeito esperto e, para os padrões da época, quase um erudito, mas é também um plebeu num mundo de nobres sem paciência, por isso, tem de sobreviver às incômodas possibilidades da masmorra ou da forca. Para sua sorte a guilhotina ainda não fora inventada... Apesar de tudo, Robert terminará tocando, num antigo bandolim, para a própria Rainha, músicas dos Beatles e dos Rolling Stones...

O livro foi editado em outubro de 2002 com capa e editoração gráfica de Itamar Pires, e tem 582 páginas. Quanto ao estilo, um outro escritor goiano, também meu amigo Ademir Luiz, disse num artigo publicado em semanário de Goiânia, que parece “uma mistura de Paulo Coelho e Sidney Sheldon”. Se um dia eu vier a vender tanto quanto ambos, posso me dar por satisfeito.

Trecho de "O Visitante"

A recusa do menestrel fez com que seu semblante se entristecesse. Pensara algo muito diferente do que aquilo que estava acontecendo. Apesar de totalmente inexperiente nas coisas do amor, Lady Catherine esperava Robert muito mais ousado, que a visse como igual, tal como ela o via. Fora até ali disposta a entregar-se a ele quaisquer que fossem as conseqüências. Cada fibra de sua alma vibrava quando ele falava ou cantava e seu corpo ansiava pelo contato do dele. Entretanto, ele se comportava como um padre, como um camponês que só via nela uma pessoa a quem obedecer.
Foi com certo ar de impaciência que ela disse:
- Recusas, então, o meu presente?
- Milady, entendei. Não o recuso por desrespeito a vós. É que ele teria muito maior utilidade para vós que para mim mesmo.
- Tu, porém, nem o examinaste. Pega-o.
Ele tomou o pequeno artefato na mão e passou algum tempo observando-o, Examinou o medalhão e, por sugestão dela, rodou suas extremidades sobre a mão e apertou brandamente até que o corpo central cedeu e se abriu em dois. Robert viu que havia dois retratos pintados em ambas as partes, mas ficou embaraçado ao ver a imagem dela de um lado e a sua própria do outro!
- Milady, é fantástico! Como conseguiste com que me retratassem assim, até com o barrete de menestrel?
- Não foi difícil. Tive bastante tempo para trabalhar nele. Eu mesma o fiz.
Estava satisfeita por poder mostrar, assim, que possuía qualidades que ele desconhecia. No entanto, para Robert ficou claro que aquilo era uma pequena prova do amor que ela sentia por ele e sentiu-se estranhamente inquieto. Uma sensação de melancolia começou a invadi-lo e algo parecia dizer-lhe que deveria fugir dali e que aquela situação não iria acabar bem.
Lady Catherine também começava a sentir-se mal. Toda a emoção do momento, a proximidade do homem amado, o frio, a indisposição que inventara e que parecia, realmente, começar a se instalar em seu espírito, o remorso, tudo parecia contribuir para criar um clima quase lúgubre.
Robert ainda tentou afastar a sensação de mal-estar e disse:
- Sois miniaturista, então? Milady, devo dizer que sois uma grande artista.
- Gostaria de ouvir de tua boca outras palavras.
Seus rostos estavam muito próximos agora. Robert olhou para ela e em seus olhos perolavam duas lágrimas que cairiam a qualquer momento.
Robert não pensou em mais nada. Ele atraiu a dama para si e um beijo longo selou o amor de ambos, mais uma conquista que acrescentaria mais uma quantidade de culpa a seu coração. Um sentimento estranho, mais ainda que o que experimentava pela rainha, brotou em seu coração e ele não saberia mais dizer se, de fato, não amava aquela menina.
Entretanto, o idílio durou pouco. O som de um cântico religioso pareceu brotar das profundezas do santuário. Os jovens amantes se desprenderam um do outro e a cena que viram os estarreceu.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Para Gostar de Ler

A colega Iara pergunta-me como incutir no jovem o gosto pela leitura. De repente eu havia esquecido que agora tenho um lugar para expor minhas opiniões! De modo que vou apresentar minhas idéias de como fazer para que o jovem passe a gostar de ler. Você é educadora e eu fui professor de Física e Matemática por oito anos em cursos de Ensino Médio de escolas particulares em Goiânia e pude ver a falta de bagagem cultural do nosso jovem em geral. O que vou expor aqui seria um programa de incentivo à leitura que poderia ser aproveitado pelo Poder Público, em minha opinião, mas eu sou apenas mais um ex-educador perdido no centro deste imenso Brasil, e não tenho ilusões quanto ao aproveitamento disso por um Ministério da Educação, por exemplo.

Pois bem. A Literatura deveria ser apresentada ao estudante ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Nos dois primeiros anos, livrinhos ilustrados com letras garrafais e desenhos coloridos ocupando 70% a 80% de cada página seriam perfeitos. A professora leria as historinhas enquanto os alunos acompanhariam as mesmas olhando as figuras. Um livrinho a cada mês seria o ideal. Após a leitura das histórias, nos dias seguintes, os mestres criariam atividades relacionadas com o que foi lido. Teatrinho de marionetes, desenhos em sala, pequenas representações, releitura dos textos, etc.. Nesta primeira fase, os alunos devem descobrir os prazeres da leitura.

Nos dois anos seguintes, da 3ª à 4ª séries do Ensino Fundamental, os alunos deveriam ser estimulados a ler histórias e criar as imagens em suas mentes sem auxílio de figuras coloridas. A partir desta fase, um livro a cada bimestre com atividades semelhantes às dos anos anteriores. Não vejo outro autor melhor para esta fase que Monteiro Lobato. Todos os seus livros devem ser aproveitados.

Da 5ª à 7ª séries do Ensino Fundamental se introduziriam livros de temática infanto-juvenil. Aí sim, deveria haver uma escolha criteriosa do que é Literatura infanto-juvenil e o que não é. Autores brasileiros crêem que livros ilustrados com letras garrafais são livros deste gênero, quando, na minha opinião, nada mais são que livros pré-infantis e infantis. Nesta fase eu indicaria livros como Os Meninos da Rua Paulo, como já citei, A Moreninha, Senhora, os de Harry Potter, Tarzan (sim por que não?), Os Três Mosqueteiros e outros deste tipo. Da 8ª série do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio começaria a se apresentar livros mais encorpados, mas ainda de leitura leve: O Xangô de Baker Street, O Conde de Montecristo, por exemplo. Tudo isso acompanhado de atividades paradidáticas. A principal seria aproveitar o glamour do cinema e da televisão, por exemplo, e cobrar representações de trechos dos livros por grupos de seis a sete alunos, valendo nota. Dois livros, mas apenas uma representação de qualquer um deles a cada semestre, de modo que os alunos pudessem contemplar as outras atividades. Numa turma de 30 alunos, por exemplo, o professor escolheria cinco alunos que, por sua vez, escolheriam um a um entre os outros os que comporiam seus grupos, para as representações. Este tipo de atividade é fundamental para desenvolver o espírito de equipe, respeito entre os alunos e o gosto pela leitura.


No 2º ano do Ensino Médio, os alunos poderiam deixar as atividades complementares de representação (ou não, a critério do professor) e começariam a se familiarizar com o que chamo de Literatura de transição: O Guarani, O Seminarista, por exemplo, e outros clássicos, além de alguma coisa como Pássaros Feridos, A Menina que Colecionava Livros, O Caçador de Pipas, entre outros. Neste rol eu incluiria meu livro, O Visitante. Por fim, no 3º ano, os clássicos de temática adulta: Dom Casmurro, O Cortiço, Memórias Póstumas, outros como O Código da Vinci e o meu A Batalha de Poitiers. Eu creio que assim haveria uma forma de conduzir os jovens pelo único caminho que realmente leva uma pessoa a se tornar diferenciada. E que bom seria se todos fossem diferenciados neste país!

Prezada Iara, como você vê, este é um roteiro para as gerações futuras. Os textos poderiam até ser lidos numa tela de computador, sem problemas. Todavia, eu acho que as atuais gerações do controlC/controlV estão perdidas. Obviamente, tudo que expus ao longo do texto deveria ser acompanhado de escrita, o jovem precisa exercitar a arte da escrita, coisa que já se perdeu nas nossas escolas hoje em dia. E talvez vejamos, uma luz no fim do túnel que seja realmente a saída e não uma locomotiva vindo em nossa direção...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Conto da Carochinha

O termo seleção presume uma escolha acurada de alguma coisa. Uma Seleção Brasileira de Futebol presume a escolha acurada dos melhores elementos para o bom desempenho desse esporte. Todavia, apenas no Brasil, eu creio, que a coisa não é bem assim. Forças sobrenaturais impedem que o torcedor brasileiro veja os melhores em cada posição atuando. Senão, vejamos: alguém se lembra da máquina cruzeirense vencedora da Tríplice Coroa em 2003 (Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro)? Aquele time tinha um excepcional maestro: Alex. Naquele ano, o moço foi convocado para compôr a Seleção Brasileira que disputou a Copa das Confederações. Todavia, o então técnico Parreira (técnico?) optou por Ricardinho, pois, em sua opinião, ele trabalhara com este e mais outros dois no Corinthians (não me lembro os nomes) e formado o “meio campo dos sonhos”. O Brasil perdeu a Copa e o Alex entrou no útlimo jogo por 15 minutos e a postura da Seleção mudou com sua entrada (parece-me que ele marcou até gol), mas a clasificação já estava perdida. Nada contra o Ricardinho, mas o Alex é melhor.

Não me causou surpresa nenhuma a derrota para o Paraguai no último domingo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, e o empate com a Argentina foi obra do acaso. Os portenhos mereciam ganhar. O que me causou surpresa foi a arrogância de determinados cronistas esportivos ironizando os paraguaios, antes daquele jogo, simplesmente porque estes tomaram uma postura de favoritos contra o Brasil. E ganharam mesmo. E isso me remete ao tema inicial: o melhor.

Uma Seleção Brasileira deve começar por ter o melhor técnico. Todavia, o que o brasileiro vê no banco do Brasil é o Dunga. Respeito sua trajetória como jogador, mas nosso time precisa do melhor. E o melhor é, sem dúvida, o Luxemburgo. Arrogante, vaidoso, enjoado, mas tem por que ser. É o melhor, ainda que tenha muita gente que não goste dele.

O nosso futebol parece um conto da Carochinha, mais propriamente Branca de Neve e os Sete Anões. A heroína não sei onde anda, mas os outros sete protagonistas estão aí. É só procurar. Tem o Zangado, o Dengoso, o Atchim, o Mestre, o Soneca, o Dunga, o Feliz... O Dunga é o Dunga, o mais atrapalhado; o Leão poderia ser o Zangado; o Felipão... quem poderia ser? Mas o Mestre é o Luxemburgo. Enquanto o Dunga comanda a Seleção, o Alex arrebenta no Fenerbahçe, da Turquia, não é convocado, e o nosso time não tem meio-campo... e todos culpam os atacantes. E só se lembram de Ronaldinho Gaúcho ou Kaká. E o Luxemburgo permanece fora. O Mestre é obrigado a apenas ficar observando. Enquanto isso, o nosso conto de fadas, ao estilo dos irmãos Grimm, que é a classificação para a Copa, corre o risco de se tornar uma história de terror, bem ao estilo de Stephen King, que é a eliminação. Não seria a hora de agradecer os préstimos do nosso querido capitão do Tetra e entregar o leme da nau brasileira para quem realmente é do ramo?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Conselhos Editoriais 1

Obviamente, optar por ser escritor neste país é uma quase insanidade. Um país tão grande que lê tão pouco. De forma que ser escritor é estar alguma outra coisa, pois viver de Literatura é impensável. Assim, eu estou controlador de tráfego aéreo em Palmas. Depois de dois romances escritos e premiados em Goiás, já desisti há muito de buscar a publicação dos mesmos pelas grandes Editoras. Contento-me em tê-los editados em pequenas tiragens (mil exemplares cada um) garantidas pelas premiações. O Visitante venceu a Coleção Karajá 2000; A Batalha de Poitiers, ganhou o principal prêmio literário de Goiás em 2003 (Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos). Ou seja, julgados por duas comissões de concurso diferentes, formadas por outros bons escritores, por duas vezes os meus textos foram considerados os melhores.

Na tentativa de editá-los por alguma grande Editora nacional, acabei chegando a algumas amargas conclusões. Penso que os conselhos editoriais ou equipes de leitura destas editoras são compostas por profissionais de leitura. Profissionais de leitura não presume bons leitores. Um profissional de leitura é um sujeito que saiu de uma Universidade formado em Letras ou outro curso afim e é contratado para este trabalho. Ocorre que, na maior parte das vezes, este indivíduo tem idéias pré-concebidas. E não me venham dizer que não! Assim, na opinião deles, se você não faz Literatura “engajada”, você não tem qualidades para ser editado. Desta forma, se você não escreve sobre violência urbana, delinqüência juvenil, prostituição infantil, seca no Nordeste, fome no Cerrado, ou outras mazelas deste naipe, você é um alienado, um aliado do sistema. Ou seja, sua Literatura só tem “valor” se ela é sombria, para baixo, materialista e dialética, como manda os bons preceitos do Marxismo.

Pois bem, na minha opinião, este tipo de texto nada mais é que Literatura denuncista. Apresenta o problema, mas não a solução. Os esquerdistas de plantão (antes que digam qualquer coisa, eu já militei em partido de esquerda e não tenho ilusão nenhuma a respeito das suas propostas) acham que isto é revolucionário, quando são tão-somente denuncistas.
Literatura revolucionária é aquela que busca a renovação do Homem, apresenta a correção, a honestidade, o respeito, etc., como alternativas à corrupção, à violência, ao desrespeito, etc.. Daí eu posso dizer que meu texto é revolucionário. Quem não gostaria de ser Robert, ou Sigebert, ou Carlos? Ou Lady Catherine, ou Bonne, ou Veleda? São todos personagens de meus livros. São personagens diferenciados, humanos, quase o tempo todo corretos. Porque o quase ser é que os torna humanos, a caminho de serem totalmente corretos. O gostar de ser é já um início para começar a ser realmente. E a verdadeira revolução se dá quando ela acontece nas mentes e nos corações das pessoas. Em suma, minha Literatura é luminosa, para cima, espiritualista e metafísica! Alguém nota alguma semelhança com aquilo que é considerado boa Literatura por estas equipes de leitura?

Conselhos Editoriais 2

Os que escrevem sobre as mazelas da sociedade brasileira nem sempre vivenciam ou vivenciaram as atribulações daqueles que citam em seus textos. Escrevem sobre problemas que não os atingem. Escrevem com a idéia de fazerem uma revolução e a única revolução que ocorre é em suas contas bancárias, que ficam cada vez mais fornidas. Escrevem porque, na opinião das Editoras, os leitores brasileiros “gostam” deste tipo de Literatura. Escrevem, escrevem... e os leitores não têm alternativas. Estes compram porque, na maior parte das vezes, há um bombardeio da mídia para a divulgação de tal ou qual obra. Não é uma Literatura agradável.

Todavia, as vendas de livros estrangeiros vão muito bem, obrigado. E os xenófobos de plantão elevam as mãos ao céu e perguntam: “Por que? Nossa Literatura é melhor, nossos autores são melhores. Por que?” É exatamente o contrário: os livros estrangeiros são, em sua grande maioria, livros melhores, abrangem temas universais, é uma Literatura aberta. E os críticos embarcam na mesma canoa. Em vez de reconhecerem as qualidades de determinada obra de sucesso, preferem destacar as possíveis incorreções do texto. Querem um exemplo? O Código Da Vinci. Grande livro, grande argumento, grande montagem. Todavia, o que mais ouvi a respeito foi de um preconceito absurdo! Que só alcançou sucesso mundial por ser polêmico, por força da mídia, etc..

No Brasil, você não pode escrever fora do que está nos cânones. Não fosse pelo fato de ser uma personalidade, é pouco provável que Jô Soares tivesse conseguido editar O Xangô de Baker Street. E convenhamos, é um ótimo livro! Mas não se encaixa nos cânones estabelecidos. Eu vejo as campanhas do Governo para tentar fazer os jovens aprenderem a gostar de ler. Todavia, quando é apresentada uma lista de livros para pré-adolescentes e adolescentes em escolas, esta contém os grandes clássicos da Literatura brasileira: Dom Casmurro, O Cortiço, Vidas Secas, O Ateneu... Como um garoto ou garota de 10, 12 anos pode adquirir gosto pela leitura com obras como estas, de temática adulta e recheadas de desgraças? Por que não fazer uma lista diferente, de texto mais leve, mesmo que contemple autores estrangeiros? Os Meninos da Rua Paulo, de Ferénc Molnár, encabeçaria a minha lista. O Xangô seria outro. E por que não as aventuras de Harry Potter? Machado de Assis, Aloísio de Azevedo e outros poderiam ser indicados apenas para os pré-vestibulandos de 15, 16 anos. É minha opinião.