sexta-feira, 27 de junho de 2008

Xadrez Escolar

Eu acho a leitura a pedra fundamental de todo aprendizado. Desenvolve a imaginação, enriquece o vocabulário e incrementa a bagagem cultural. Todavia, uma poderosa ferramenta paradidática é o xadrez. Vários países da Europa adotam este esporte como tal. Por outro lado, quando se fala em xadrez, pensa-se logo nos países da antiga Cortina de Ferro, como se apenas estes tivessem programas de ensino de xadrez nas escolas. Ledo engano. Países como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra têm programas semelhantes. Baseados em estudos aprofundados de Binet, Krogius e mesmo Piaget, há muito que estes países já descobriram as virtudes desta arte/ciência/esporte como ferramenta de apoio ao ensino.

O Xadrez pode ser ensinado já nos primeiros anos da vida escolar da aluno. Por volta dos cinco anos a criança já tem capacidade para aprender os movimentos das peças. Com o tempo, caso mostre aptidão e interesse, a criança pode se aprofundar na atividade e participar de torneios promovidos por clubes e Federações. O Xadrez desenvolve a iniciativa, pois a criança é levada a tomar suas próprias decisões, uma vez que é esporte individual. Mas também o espírito de equipe, uma vez que, em torneios internos, seja em torneios na escola, seja em intercolegiais, seja em intermunicipais, seja interestaduais, a criança aprende a ter orgulho de representar sua sala, ou seu colégio, ou sua cidade, ou seu Estado. Desenvolve a personalidade, já que o garoto ou garota aprende com os próprios erros, que a vida é feita de vitórias, mas de derrotas também, que contribuem para a formação do caráter. Desenvolve a noção de respeito, porque é um esporte eminentemente de cavalheiros, onde os jogadores sempre se cumprimentam no início e no final das partidas. Desenvolve um bom círculo de amizades, pois o esporte, qualquer que seja, tem esse dom de agregar as pessoas em torno de uma causa que as una.

Várias entidades têm programas específicos de incentivo à pratica do Xadrez nas escolas que são basicamente idênticos. Entre elas destacam-se a Academia Brasileira de Cultura e Xadrez, da qual sou membro fundador, ocupando a cadeira 20 que tem como patrono o ex-campeão mundial Tigran Petrosian. Outras entidades são a Federação Paulista de Xadrez, bem como a Federação de Xadrez do Estado de Goiás, da qual fui vice-presidente técnico e Secretário Geral por mais de dez anos. Atualmente, sou membro do Conselho Fiscal desta entidade. No Brasil, o órgão gerenciador do Xadrez é a Confederação Brasileira de Xadrez.

Várias personalidades foram ou são praticantes do Xadrez através dos tempos. Uma delas, Wolfgang Goethe, um dos maiores dramaturgos da Alemanha, no Século XVIII definiu o Xadrez como “a pedra de toque do intelecto”. Peter Pratt o definiu como "a ginástica da mente". Uma afirmação bastante verdadeira, já que, da mesma forma que um músculo atrofia por falta de exercício físico, o cérebro também se debilita com a falta de atividade. E o Xadrez é um dos poucos esportes que podem ser praticados até o fim da vida, sem contra-indicações. Um exemplo é Viktor Korchnoi, duas vezes vice-campeão mundial na década de 1970, ainda um forte grande mestre, com quase 80 anos de idade! Bem como fortíssimos jogadores de 11 ou 12 anos! Magnus Carlsen, norueguês, hoje o segundo jogador do ranking mundial tem 17 anos! Alguma pergunta?

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