quarta-feira, 18 de junho de 2008

Conselhos Editoriais 2

Os que escrevem sobre as mazelas da sociedade brasileira nem sempre vivenciam ou vivenciaram as atribulações daqueles que citam em seus textos. Escrevem sobre problemas que não os atingem. Escrevem com a idéia de fazerem uma revolução e a única revolução que ocorre é em suas contas bancárias, que ficam cada vez mais fornidas. Escrevem porque, na opinião das Editoras, os leitores brasileiros “gostam” deste tipo de Literatura. Escrevem, escrevem... e os leitores não têm alternativas. Estes compram porque, na maior parte das vezes, há um bombardeio da mídia para a divulgação de tal ou qual obra. Não é uma Literatura agradável.

Todavia, as vendas de livros estrangeiros vão muito bem, obrigado. E os xenófobos de plantão elevam as mãos ao céu e perguntam: “Por que? Nossa Literatura é melhor, nossos autores são melhores. Por que?” É exatamente o contrário: os livros estrangeiros são, em sua grande maioria, livros melhores, abrangem temas universais, é uma Literatura aberta. E os críticos embarcam na mesma canoa. Em vez de reconhecerem as qualidades de determinada obra de sucesso, preferem destacar as possíveis incorreções do texto. Querem um exemplo? O Código Da Vinci. Grande livro, grande argumento, grande montagem. Todavia, o que mais ouvi a respeito foi de um preconceito absurdo! Que só alcançou sucesso mundial por ser polêmico, por força da mídia, etc..

No Brasil, você não pode escrever fora do que está nos cânones. Não fosse pelo fato de ser uma personalidade, é pouco provável que Jô Soares tivesse conseguido editar O Xangô de Baker Street. E convenhamos, é um ótimo livro! Mas não se encaixa nos cânones estabelecidos. Eu vejo as campanhas do Governo para tentar fazer os jovens aprenderem a gostar de ler. Todavia, quando é apresentada uma lista de livros para pré-adolescentes e adolescentes em escolas, esta contém os grandes clássicos da Literatura brasileira: Dom Casmurro, O Cortiço, Vidas Secas, O Ateneu... Como um garoto ou garota de 10, 12 anos pode adquirir gosto pela leitura com obras como estas, de temática adulta e recheadas de desgraças? Por que não fazer uma lista diferente, de texto mais leve, mesmo que contemple autores estrangeiros? Os Meninos da Rua Paulo, de Ferénc Molnár, encabeçaria a minha lista. O Xangô seria outro. E por que não as aventuras de Harry Potter? Machado de Assis, Aloísio de Azevedo e outros poderiam ser indicados apenas para os pré-vestibulandos de 15, 16 anos. É minha opinião.

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