sexta-feira, 20 de junho de 2008

Para Gostar de Ler

A colega Iara pergunta-me como incutir no jovem o gosto pela leitura. De repente eu havia esquecido que agora tenho um lugar para expor minhas opiniões! De modo que vou apresentar minhas idéias de como fazer para que o jovem passe a gostar de ler. Você é educadora e eu fui professor de Física e Matemática por oito anos em cursos de Ensino Médio de escolas particulares em Goiânia e pude ver a falta de bagagem cultural do nosso jovem em geral. O que vou expor aqui seria um programa de incentivo à leitura que poderia ser aproveitado pelo Poder Público, em minha opinião, mas eu sou apenas mais um ex-educador perdido no centro deste imenso Brasil, e não tenho ilusões quanto ao aproveitamento disso por um Ministério da Educação, por exemplo.

Pois bem. A Literatura deveria ser apresentada ao estudante ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Nos dois primeiros anos, livrinhos ilustrados com letras garrafais e desenhos coloridos ocupando 70% a 80% de cada página seriam perfeitos. A professora leria as historinhas enquanto os alunos acompanhariam as mesmas olhando as figuras. Um livrinho a cada mês seria o ideal. Após a leitura das histórias, nos dias seguintes, os mestres criariam atividades relacionadas com o que foi lido. Teatrinho de marionetes, desenhos em sala, pequenas representações, releitura dos textos, etc.. Nesta primeira fase, os alunos devem descobrir os prazeres da leitura.

Nos dois anos seguintes, da 3ª à 4ª séries do Ensino Fundamental, os alunos deveriam ser estimulados a ler histórias e criar as imagens em suas mentes sem auxílio de figuras coloridas. A partir desta fase, um livro a cada bimestre com atividades semelhantes às dos anos anteriores. Não vejo outro autor melhor para esta fase que Monteiro Lobato. Todos os seus livros devem ser aproveitados.

Da 5ª à 7ª séries do Ensino Fundamental se introduziriam livros de temática infanto-juvenil. Aí sim, deveria haver uma escolha criteriosa do que é Literatura infanto-juvenil e o que não é. Autores brasileiros crêem que livros ilustrados com letras garrafais são livros deste gênero, quando, na minha opinião, nada mais são que livros pré-infantis e infantis. Nesta fase eu indicaria livros como Os Meninos da Rua Paulo, como já citei, A Moreninha, Senhora, os de Harry Potter, Tarzan (sim por que não?), Os Três Mosqueteiros e outros deste tipo. Da 8ª série do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio começaria a se apresentar livros mais encorpados, mas ainda de leitura leve: O Xangô de Baker Street, O Conde de Montecristo, por exemplo. Tudo isso acompanhado de atividades paradidáticas. A principal seria aproveitar o glamour do cinema e da televisão, por exemplo, e cobrar representações de trechos dos livros por grupos de seis a sete alunos, valendo nota. Dois livros, mas apenas uma representação de qualquer um deles a cada semestre, de modo que os alunos pudessem contemplar as outras atividades. Numa turma de 30 alunos, por exemplo, o professor escolheria cinco alunos que, por sua vez, escolheriam um a um entre os outros os que comporiam seus grupos, para as representações. Este tipo de atividade é fundamental para desenvolver o espírito de equipe, respeito entre os alunos e o gosto pela leitura.


No 2º ano do Ensino Médio, os alunos poderiam deixar as atividades complementares de representação (ou não, a critério do professor) e começariam a se familiarizar com o que chamo de Literatura de transição: O Guarani, O Seminarista, por exemplo, e outros clássicos, além de alguma coisa como Pássaros Feridos, A Menina que Colecionava Livros, O Caçador de Pipas, entre outros. Neste rol eu incluiria meu livro, O Visitante. Por fim, no 3º ano, os clássicos de temática adulta: Dom Casmurro, O Cortiço, Memórias Póstumas, outros como O Código da Vinci e o meu A Batalha de Poitiers. Eu creio que assim haveria uma forma de conduzir os jovens pelo único caminho que realmente leva uma pessoa a se tornar diferenciada. E que bom seria se todos fossem diferenciados neste país!

Prezada Iara, como você vê, este é um roteiro para as gerações futuras. Os textos poderiam até ser lidos numa tela de computador, sem problemas. Todavia, eu acho que as atuais gerações do controlC/controlV estão perdidas. Obviamente, tudo que expus ao longo do texto deveria ser acompanhado de escrita, o jovem precisa exercitar a arte da escrita, coisa que já se perdeu nas nossas escolas hoje em dia. E talvez vejamos, uma luz no fim do túnel que seja realmente a saída e não uma locomotiva vindo em nossa direção...

2 comentários:

Iara Alencar disse...

Oi Mauro, desculpe pela demora em retornar.
As suas idéias são interessantes, mas livro em Tocantins por exemplo são caros, voce ja viu os livros que as bibliotecas tem??

o que eu indicaria e esrevi, foi acabar com a obrigatoriedade que fazem com a leitura, hoje você é estimulado a ler porque tem um concurso ou um vestibular ou ainda uma prova.

Ao meu ver, tudo poderia começar com feiras de atividades didáticas, lembro que fui chapeuzinho vermelho quando eu tinha 9 anos e li e reli a história umas cem vezes, aquilo pra mim valeu muito e me fez ter o hábito de gostar de ler, hoje já não tenho mais esse hábito, perdi o tesão diria assim, depois da faculdade perdi a ilusão que eu poderia ter o mundo.

A gente lê enquanto temos a ilusão que vamos conquistar mais.
concordo com voce num ponto, esse pessoal acha que livros com letras enormes garranchais são ótimos, eu acho horriveis aquilo.

Iara Alencar disse...

Porque voce nao envia suas sugestões ao Mec??
Pelo menos você tentou.

ahhhh eu não sou educadora, sou formada em Economia e trabalho como uma mera assistente administrativo.