quarta-feira, 18 de junho de 2008

Conselhos Editoriais 1

Obviamente, optar por ser escritor neste país é uma quase insanidade. Um país tão grande que lê tão pouco. De forma que ser escritor é estar alguma outra coisa, pois viver de Literatura é impensável. Assim, eu estou controlador de tráfego aéreo em Palmas. Depois de dois romances escritos e premiados em Goiás, já desisti há muito de buscar a publicação dos mesmos pelas grandes Editoras. Contento-me em tê-los editados em pequenas tiragens (mil exemplares cada um) garantidas pelas premiações. O Visitante venceu a Coleção Karajá 2000; A Batalha de Poitiers, ganhou o principal prêmio literário de Goiás em 2003 (Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos). Ou seja, julgados por duas comissões de concurso diferentes, formadas por outros bons escritores, por duas vezes os meus textos foram considerados os melhores.

Na tentativa de editá-los por alguma grande Editora nacional, acabei chegando a algumas amargas conclusões. Penso que os conselhos editoriais ou equipes de leitura destas editoras são compostas por profissionais de leitura. Profissionais de leitura não presume bons leitores. Um profissional de leitura é um sujeito que saiu de uma Universidade formado em Letras ou outro curso afim e é contratado para este trabalho. Ocorre que, na maior parte das vezes, este indivíduo tem idéias pré-concebidas. E não me venham dizer que não! Assim, na opinião deles, se você não faz Literatura “engajada”, você não tem qualidades para ser editado. Desta forma, se você não escreve sobre violência urbana, delinqüência juvenil, prostituição infantil, seca no Nordeste, fome no Cerrado, ou outras mazelas deste naipe, você é um alienado, um aliado do sistema. Ou seja, sua Literatura só tem “valor” se ela é sombria, para baixo, materialista e dialética, como manda os bons preceitos do Marxismo.

Pois bem, na minha opinião, este tipo de texto nada mais é que Literatura denuncista. Apresenta o problema, mas não a solução. Os esquerdistas de plantão (antes que digam qualquer coisa, eu já militei em partido de esquerda e não tenho ilusão nenhuma a respeito das suas propostas) acham que isto é revolucionário, quando são tão-somente denuncistas.
Literatura revolucionária é aquela que busca a renovação do Homem, apresenta a correção, a honestidade, o respeito, etc., como alternativas à corrupção, à violência, ao desrespeito, etc.. Daí eu posso dizer que meu texto é revolucionário. Quem não gostaria de ser Robert, ou Sigebert, ou Carlos? Ou Lady Catherine, ou Bonne, ou Veleda? São todos personagens de meus livros. São personagens diferenciados, humanos, quase o tempo todo corretos. Porque o quase ser é que os torna humanos, a caminho de serem totalmente corretos. O gostar de ser é já um início para começar a ser realmente. E a verdadeira revolução se dá quando ela acontece nas mentes e nos corações das pessoas. Em suma, minha Literatura é luminosa, para cima, espiritualista e metafísica! Alguém nota alguma semelhança com aquilo que é considerado boa Literatura por estas equipes de leitura?

Um comentário:

Iara Alencar disse...

Oi Araujo.
O que eu vejo vai para outro angulo, ficarei grata em relatar:
Como que se instiga a garotada a ler nas escolas??/

na verdade nao existe, ou se ler pra prova ou pra concurso e vestibulares.
Por ai cria-se a obrigatoriedade de ler apenas pra isso, mas ninguém faz a biblioteca ficar tal como uma locadora de dvd, acho que seria por ai, transformar os livros em filmes de ultima moda.
Voce teria um povo que gosta de ler assim. obvio que isso demora, mas seria um opção.

2- nao entendi a parte das mazelas..eu por exemplo detesto livros deste naipe, estou cansada de ver gente reclamar de falta de agua, da amazonia, da camada de ozonio, etc, sempre são reclamações e clichês.

3- O que voce acha de mudar o fundo da postagem?? o preto doi e força muito a leitura, principalmente quando o auto escreve bastante. É só uma dica.

4- Eu sou de palmas também.