sábado, 28 de junho de 2008

Informação, Controle e Educação

A informação é a base de qualquer dominação. O controle da informação é sinônimo de poder. Naturalmente, governos que a controlam podem impor suas idéias e programas. Qualquer regime ditatorial ou oligárgquico ou absolutista de qualquer natureza sempre fez do controle da informação a base de sua dominação. Assim, pode-se dizer que um povo desinformado é totalmente vulnerável a esta. E uma forma de manter o povo sem informação é negar-lhe o direito à Educação. Desta forma, políticas pseudo-educativas são a chave para manter o povo sem informação.

No Brasil, desde sempre, as classes dominantes implantaram um sistema de sub-educação, ou seja, ao povo basta que saiba escrever o nome que o indivíduo aparece nas pesquisas como “alfabetizado”. Por exemplo, desde que a pessoa possa digitar meia dúzia de algarismos para sacar seu benefício do INSS ou do Bolsa-Família, já é o suficiente. Até o Governo Fernando Henrique, esta tem sido a política adotada. Não vi ainda no Governo Lula indícios de que a prática possa vir a ser mudada, apesar da louvável iniciativa do Poder Federal de tentar despertar o gosto do jovem pela leitura. E como já disse antes, a leitura é base de qualquer educação. Porém, acredito que o melhor caminho para isso é aquele que tracei em comentários anteriores.

Até o início da década de 1970, o ensino público era muito mais valorizado. Aluno que não tinha gabarito para passar de ano em escolas públicas era levado para a escola particular, onde o ensino era péssimo e os pais pagavam altas mensalidades, mas que garantiam a passagem do menino ou menina para a série seguinte. A reforma educacional promovida pelo Governo Federal em 1971 fez com que, gradualmente, o ensino público ficasse cada vez mais deficiente, enquanto se formavam fortes grupos de ensino sem muito compromisso com a educação, que ganhavam muito dinheiro e contratavam os melhores professores oriundos das escolas públicas.

Lamentavelmente, o que se vê hoje é um “ensino” voltado para a decoração de “macetes” para “matar” os exercícios do vestibular. Ninguém está preocupado em ensinar nada. Em meu último ano como educador, vendo a dificuldade dos alunos numa matéria como Física, resolvi ensinar a partir de experiências em sala de aula em apoio ao material didático. De forma que não cumpri a meta de onze módulos do ano, chegando, quando muito, até o nono módulo. Naturalmente, fui despedido. No entanto, no ano seguinte, já fora de sala de aula, encontrei dois ex-alunos que me disseram: “Poxa, Rogério (era meu nome de guerra), por que você saiu? O “cara” que entrou no seu lugar não ensina nada, só joga matéria no quadro e não quer nem saber se a gente aprendeu. Mas até hoje eu lembro de todas as fórmulas de Ótica que você ensinou.” Sinceramente, este foi o maior troféu que recebi em minha experiência como professor e vi que este é o caminho. Basta que exista boa vontade de educadores e planejadores que o Ensino Público ainda pode dar certo.

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