quinta-feira, 10 de julho de 2008

As Lições do Mestre 2

No frigir dos ovos, o que temos então? Seleção é Seleção, jogam os melhores, não importa a posição. Vários técnicos através dos tempos cometeram bobagens e mais bobagens e, no entanto, são tidos como “grandes” por todo mundo. Exemplo? Telê Santana. Sim! O grande Telê, em 1982 e 1986, não convocou o Renato Gaúcho, o melhor ponta-direita do Brasil, simplesmente porque “o Renato não tem postura de jogador de futebol fora de campo.” Nem é preciso dizer a falta que ele fez. Outro grande injustiçado pelo Telê foi Zenon, maestro do Corinthians naqueles tempos. Poderia ter substituído o Zico, detonado fisicamente, em 1986. Ninguém se lembra disso. Mas também, lembrar para que? O próprio Felipão não convocou o Romário para 2002, o que considerei e ainda considero um erro. A Seleção foi campeã e ninguém mais fala nisso. Porém, se não ganhasse?

Houve época no final da década de 1970 ou início da de 1980 em que o Mário Sérgio estava arrebentando no Botafogo, mas não era convocado para a Seleção por que era conhecido pela conduta nada ortodoxa fora dos campos. Noitadas, mulheres, bebida... acho que era isso. O próprio Mário Sérgio reconhece hoje que fez muitas bobagens naquele tempo. Todavia, era um craque.

Então, o Saldanha era comentarista esportivo numa rádio do Rio de Janeiro. Perguntado se o Mário Sérgio devia ser convocado, o Mestre disse uma frase antológica: “O Mário Sérgio não serve para casar com a minha filha, mas é titular absoluto na minha Seleção!” Fantástico! Aí está o maior ensinamento que se pode apreender de um verdadeiro professor de futebol: não se misturam assuntos pessoais com profissionais! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! A partir disso é que eu critico, ainda que uma voz clamando no deserto, o “mestre” Telê, a quem eu culpo (!) pelas perdas das Copas de 82 e 86, a Zagallo pela perda de 1974, a Parreira pela perda de 2006 (no jogo anterior àquele com a França nas quartas-de-final, a seleção de “reservas” jogou infinitamente melhor que a dos “titulares” e o Parreira insistiu em colocar os “cacos” em fim de carreira para enfrentar a poderosa França!).

Ou seja, jogam os melhores. E hoje, em função de “esquema tático” muitos treinadores colocam cabeças-de-bagre em campo e deixam, muitas vezes, ótimos jogadores mofando no banco. Coisas de futebol, poderiam dizer. Não acho. Não precisa ser muito inteligente para ver que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, como o próprio Saldanha disse, repetindo uma passagem conhecida de Hamlet, de Shakespeare. Ou seja, forças ocultas trabalham para que o Brasil continue sendo o maior celeiro de jogadores do Mundo, mas sem ganhar títulos. Enquanto muita gente ganha dinheiro, muito dinheiro. O Brasil tem capacidade para ganhar uma Copa a cada duas ou três, mas...

Assim, Renato Gaúcho, Zenon, Mário Sérgio, antes, e o Alex, do Fenerbahçe, hoje, vão passar para a História como grandes injustiçados. E grande parte da Mídia prefere endeusar a quem não merece em função do dinheiro, muito dinheiro, que ganham mantendo o torcedor médio em estado de beatitude que se desfaz a cada perda de Copa do Mundo, de Taça Libertadores, de Copa das Confederações, etc... Sinceramente, da mesma forma que a Seleção merece os melhores jogadores, também merece o melhor técnico, a melhor Imprensa, etc..

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